Livro #76: Lemony Snicket: Autobiografia Não Autorizada
Lemony Snicket: Autobiografia Não Autorizada
Título: Lemony Snicket: Autobiografia Não AutorizadaAutor: Lemony Snicket
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 240
Ano: 2006
Sinopse: Quem é Lemony Snicket? Por que em suas raras fotografias ele está sempre de costas? Por que dedicou a vida ao caso Baudelaire? Por que é tão perseguido? Quem é Beatrice? O que é C.S.C.? Finalmente, o esclarecimento desses e de outros mistérios que envolvem a existência do elusivo autor são esclarecidos na Autobiografia não autorizada de Lemony Snicket. O livro inclui os documentos sobre a vida pregressa de Snicket que sobreviveram a inúmeros incêndios terríveis e inexplicáveis, tais como cartas enigmáticas de próprio punho, dúbias cartas datilografadas, mapas misteriosos, provas suspeitas e evidências estranhas de pérfidos engodos, legendas enganosas de incompreensíveis fotografias, trechos crípticos de livros insondáveis, códigos indecifráveis, anagramas escusos e recônditas canções, dossiês obscuros e demais documentos secretos, assustadoramente dissimulados e abscônditos.
Nesse pequeno livro de nome complexo, há muitas piadas referentes aos outros livros pelo modo que Lemony narra, que acabou me remetendo a acontecimentos passados, além de que existem personagens e objetos (o maldito açucareiro!) que é importantíssimo saber e que essa Autobiografia não se importará de explicar. Assim, para ler esse complemento de Desventura em Série, sinto (minha opinião) que é necessário ler toda a serie, ter um conhecimento prévio do que se falar. (Eu não entendi após os 13 livros, imagine um novato!)
“-Como eu gosto do som dos guizos – disse o mais pequenino dos elgos a seus novos amigos na floresta. – Eles são tão tocantes.
-É claro que eles são tocantes – replicou a cobra em tom aborrecido. – Eles são guizos. (O mais pequenino dos elfos – Monty Kensicle)”
Outra coisa que senti ao decorrer da leitura (estou muito sensitiva) foi como se o autor tivesse feito anotações enquanto escrevia a saga infeliz dos Órfãos Baudelaire, compilando todas as informações adicionais nessa Autobiografia. Às vezes (normalmente) sem nenhuma coerência entre si.
Durante boa parte da leitura fiquei sem saber quem escreveu, para quem escreveu, quando aconteceu o que foi escrito e se, o que eu achava que era, com quem acontecia e para quem as cartas foram mandadas, além de quando acontecia, da ordem cronológica correta, estava certa ou não.
“O fogo é como a ganância, meu camarada. Ele se espalha pelo mundo, pensando apenas em si mesmo, e apodera-se de tudo o que encontra, acabando com a diversão de todo mundo.”
Uma coisa certa (talvez a única) é que Lemony Snicket não te faz ter certeza de nada. Isso pode ou não ter acontecido. Ele pode ou não ter morrido. Ela pode ou não ser ela. É uma combinação de coisas que podem ser um, mas que se revela outra. Li sem pretensão (ainda bem), porque a certeza não chegou a mim (eu deveria pedi reembolso?).
O melhor do livro foi justamente esse mistério, narrado de forma tão louca e com tanta coisa inovadora. Que outro livro vem com duas capas? ‘A Pândega do Pônei - As Crianças Mais Sortudas do Mundo!’ é ou não o livro mais jubiloso que existe?! Além desse falso titulo, há fotos em preto e branco, cartas, títulos ambivalentes, letras de músicas (a única coisa que consegui compreender) e (rabisco) PONTO.
“Ao agarrar - te os tornozelos,
Lá dei – xaremos um si – nal
En – tão fa – rás no – bre tra – ba – lho,
Porém sem pa – ga oficial.
Quando em segre – do nós partirmos,
Se – rás volun – tário, ó pequeno!
Ao te le – var – mos, pois, não gri – tes:
Pois aqui o mundo é sereno”
Se espera ler A Autobiografia não autorizada tentando descobrir segredos obscuros e bem guardados, saiba que eles são muito escuros e estão muito bem guardados. Snicket nunca deu nenhuma informação de graça – termo esse que quer dizer “você precisará gastar boa parte do seu tempo xingando-o” – e esse livro não oficial não foi exceção.
Se eu fosse dizer quais segredos são revelados no livro autobiográfico dos pôneis, eles seriam como C.S.C recruta seus voluntários (algo muito voluntariado) e o dossiê Snicket. Não esperei por essa revelação. Contudo o açucareiro permanece em segredo. Embora eu tenha minhas suspeitas...
“No dia em que você se juntar oficialmente à organização, ouvirá um barulho do lado de fora de sua casa. (...) Pergunte a seus pais o que foi aquele barulho. Se eles responderem ‘nada’, estarão respondendo em código, porque nunca existe ‘nada’ do lado de fora de uma casa. Se você está interessado em ser voluntário, responda a seus pais com a seguinte pergunta: ‘Se não há nada lá fora, o que foi aquele barulho?’. Nós estaremos ouvindo, e saberemos que é seguro agir.”
P.S. Aos meus amados leitores, aos meus amados leitores confusos.
P.P.S. Senti falta dos dísticos a Beatrice.
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