Livro #164: A Profecia das Sombras - As Provações de Apolo 2
Autor: Rick Riordan
Editora: Intrínseca
Editora: Intrínseca
Páginas: 336
Ano: 2016
Sinopse: Não basta ter perdido os poderes divinos e ter sido enviado para a terra na forma de um adolescente espinhento, rechonchudo e desajeitado. Não basta ter sido humilhado e ter virado servo de uma semideusa maltrapilha e desbocada. Nããão. Para voltar ao Olimpo, Apolo terá que passar por algumas provações. A primeira já foi: livrar o oráculo do Bosque de Dodona das garras de Nero, um dos membros do triunvirato do mal que planeja destruir todos os oráculos existentes para controlar o futuro.
Em sua mais nova missão, o ex-deus do Sol, da música, da poesia e da paquera precisa localizar e libertar o próximo oráculo da lista: uma caverna assustadora que pode ajudar Apolo a recuperar sua divindade — isso se não matá-lo ou deixá-lo completamente louco.
Para piorar ainda mais a história, entra em cena um imperador romano fascinado por espetáculos cruéis e sanguinários, um vilão que até Nero teme e que Apolo conhece muito bem. Bem demais.
Apolo está em sérios problemas. Ele nem sabe por onde começar a listá-los. Por sua viagem nada confortável num dragão chamado Festa, com um semideus que parece um elfo latino e com uma ex-feiticeira mais velha do que ele, do que seu próprio pai, que não sabe nada sobre cultura pop? Ou pelo fato de não ser mais deus e sua senhora Meg está aliada ao inimigo?
Uau, Lester Papadopoulos precisa de umas férias. E nada é melhor e nem mais pacato do que Indianópolis, em que o segundo imperador do Triunvirato está.
"Por pouco não expliquei que eu era uma deidade de quatro mil anos, um guia do Sol muito experiente, que meus pais estavam no reino celestial e que a garotinha era minha senhora semideusa."
Hum, então, Apolo. Novo livro do Tio Rick - não novo, novo, novo, porque o mais recente é o do Magnus. Eu acho. Eu sei o que você está pensando: Apolo, o ex-deus quente como o sol, e Leo, o Bad Boy Supremo, juntos? U-o-u, mal posso esperar! Infelizmente, eu esperaria mais um pouco se esse fosse o resultado
A questão é, eis a questão: não foi dessa vez, Riordan. Não gostei do Leo e da Calipso e de Apolo juntos. Esse seria um dos pontos fortes para essa história, eu pensava, temo que ainda não, caro mortal. Nosso querido trio pareceu forçado e sem humor. Mas nem tudo está perdido!
"Houve um deus, Apolo era chamado
Entrou em uma caverna azul acompanhadoEle e mais dois montadosNo cuspidor de fogo aladoA morte e loucura forçado"
Houve coisas que eu gostei na história, é claro, caso contrário não teria lido até o fim. Como no livro anterior (graças a todos os seres divinos!), a narração em primeira pessoa do Apolo continua ótima - ser tão maravilhoso o tempo inteiro não é nada fácil. Eu nem sei dizer se ele é mais narcisista do que o próprio Narciso ou o quê. Como pode existir alguém tão... divino? Apolo pode ter perdido a divinez, mas a divinez ainda não saiu dele... isso não faz sentido.
Apolo é... um verdadeiro deus. E está sempre se perguntando porque as pessoas não se curvam para ele sempre que o veem. Tudo bem que Lester não é o seu verdadeiro eu, mas e quando descobrem sua verdadeira identidade? Elas poderiam ser mais gentis e agradecer por estar na companhia dele, não é?
(Como não amar isso? Narciso sentiria inveja!)
"Sabe aquela sensação de quando você desconfia que pode ter sido pai de alguém milhares de anos antes, mas não tem certeza? Aí vê a pessoa já adulta e, ao olhar nos olhos dela, sabe sem dúvida nenhuma que ela é sua filha? É, tenho certeza de que muitos de vocês já passaram por isso."
Acho que um dos pontos fortes da história do Tio Rick é sempre a diversidade, que ele está sempre colocando personagens variados em suas histórias e que não tem como você não se reconhecer.
Por um lado, temos o começo de um relacionamento e o problema dele estar indo rápido demais e de não ter nenhum momento de tranquilidade. Sim, Leo e Calipso. Por seis meses (finalmente sabemos quanto tempo agora!), eles voaram sem descanso até o Acampamento Meio-Sangue com monstros atacando, sem nenhuma tranquilidade.
Por outro lado, temos Apolo, nunca perdendo a oportunidade para admirar um belo rosto e corpo. Seja homem, seja mulher; seja os dois, não seja nenhum. Apolo não se importa. E temos que falar o quanto isso é importante. Os livros de Riordan são para crianças, jovens, e saber que sentir atração, apaixonar-se por alguém de qualquer gênero, não é errado, é muito importante.
"A imaginação limitada dos mortais costumava me surpreender, como se o mundo só pudesse ser uma coisa ou outra. Às vezes, os humanos pareciam tão presos ao modo de pensar quanto aos corpos mortais. Não que os deuses fossem muito melhores."
E família. Um tema importante, muito importante (sinto que estou falando importante de mais). O que é uma família? Família são irritantes, algumas vezes, mas... até qual ponto... Não sei nem como dizer. Mas Tio Riordan abordou isso com sensibilidade, que existe relacionamento (não românticos, não apenas) abusivos, e que isso tem que parar.
Outra coisa que eu gostei é o fato das segundas chances. E terceiras. E quartas. E adiante. (Embora Apolo só perdoe uma vez em mil anos!) E o que falar de "tudo que é vivo merece uma chance de crescer"? Tudo que é vivo merece uma chance de crescer. Eu sou uma jusnaturalista que defende isso - e ver isso num livro de fantasia, que é lutar ou morrer, é muito bom, porque se eu fiz algo de errado, eu não mereço uma segunda chance, uma chance de "crescer"?
"Só existe a possibilidade de fracassar quando paramos de tentar."
É por isso que eu gosto do Tio Rick e li o livro, porque, embora os diálogos não tenham sido os seus melhores dessa vez (sinceramente, Tio), as mensagens que passam e fatos curiosos da história dão para o gasto. Ah, e Apolo está crescendo! Eu poderia dizer parabéns se já não fosse a hora. Quatro mil anos, querido? He-llo-oo, olha a hora. E eu vou ler o terceiro livro, porque Rick Riordan ainda é um ótimo escritor e porque no próximos temos o Senhor da Natureza, o Sátiro responsável por ter encontrado quatro (QUATRO) semideuses dos Três Grande: Grover Underwood.
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