Livro #283: 1984 (George Orwell)

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Em uma sociedade em constante estado de guerra contra outros países e contra os inimigos do sistema, cada cidadão deve viver sob a permanente vigilância das teletelas. Qualquer sinal de comportamento ou pensamento desviante da ideologia do Grande Irmão é severamente punido pela Polícia do Pensamento. Funcionário do Ministério da Verdade, responsável por reescrever notícias e registros históricos, Winston Smith atua alterando o passado e, assim, o presente. Treinado para obedecer e calar, ele começa, no entanto, a questionar essa realidade. Seus atos de rebeldia contra o sistema, como ousar manter um caderno subversivo, parecem mínimos, até que ele se depara com a oportunidade de fazer algo maior e colocar sua vida em risco por uma sonhada mudança.

George Orwell | 1984 | Ciranda Cultural | 2021 | 336 páginas | Skoob


Finalmente, terminei de ler 1984 depois de umas 3 tentativas e que livro, meus camaradas, que livro.

Indico e indicarei para todos. Deveria ser uma leitura obrigatória no ensino médio, apesar de, sim, adolescentes não teriam paciência para ele. Eu não teria. Quase não tive. Mas deveria ser discutido em salas de aulas, adaptado de alguma forma mais interessante para os jovens, ser conhecido para que alguém (alguém!) se interessasse e leia-o mais tarde. Mas, como o livro mostra, quem está no poder não quer que as pessoas "pensem", então não, sem consciência de classe, sem revolução, vamos continuar com essa falsa democracia.

(...) uma sociedade hierarquizada só era possível com base em pobreza e ignorância.

1984 é um livro lento, todo lento... não espere um começo devagar e uma ascenção crescente de "ai, meu Deus!!". Mantenha suas expectativas baixas, porque não haverá nenhum conflito grande (ao menos para mim), que te manterá preso até você terminar não apenas o capítulo, mas o livro inteiro. Sinceramente, não me importei com o protagonista ou com nenhum outro personagem, a propósito. Bem, talvez, eu tenha me importando um pouco com Goldstein, lider da oposição e inimigo do Grande Irmão, antes de... bem, você saberá.

Mas, o que realmente me prendeu a atenção, que me fez insistir e continuar a ler essa história, foi o mundo construído. Primeiro, que as descrições da tecnologia são (atualmente) suficientemente ambíguas para que ainda seja atual, atemporal. Teletelas? Sei que o autor quis fazer referências à televisões, mas bem que poderia ser os computadores, celulares... Eu sei e você sabe que eles estão de olhos na gente, no que dissemos e fazemos, principalmente online. Segundo, o sistema político é de assustar, especialmente porque não posso dizer que é apenas fictício. 

Guerra é paz. Liberdade é escravidão. Ignorância é força. 

Manipulação das mídias? Confere. Idolatração política? Hum, hum, sempre vejo isso em tempo real. Diminuir a capacidade de pensar dos cidadões? Alô, escola e redes sociais, essa é para vocês. Tem muitas outras críticas e alertas e só lendo para se maravilhar também. Ou colocar em prática o duplopensar, onde ao mesmo tempo que concordamos com o que é escrito, ainda acreditamos no contrário. Uma palavra "mais fácil" para traduzir esse conceito seria "hipocrisia", mas, ei, seria muito simplório.

Só tenho a recomendar e alertar que talvez esse livro não seja para você, não parece ser para você, mas ele é. Ele é para todos. Talvez a esperança esteja nos proletas.


Desafio Literário Livreando 2024: de um autor que não lê faz tempo

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