Livro #282: Panguan (Mu Su Li)

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Existiu uma vez um honrado fundador desta escola de cultivo Panguan. Sua reputação era ilustre, mas hoje ninguém ousava mencioná-lo. Mesmo que o fizessem, tudo o que disseram foi: “Ele teve um fim miserável”. Apenas Wen Shi ainda cumpria as regras. Todos os dias prestava homenagem ao retrato feroz e colorido do fundador, mas por isso acabou convocando um inquilino doentio. O inquilino parou diante do retrato e perguntou: “Quem desenhou isto?” Wen Shi: “Eu”. Não pergunte. Se você fizer isso, acabará se sentindo tocado.

Mu Su Li | Panguan | JJWXC | 2020 | 117 capítulos + 6 extras | 3 livros | Skoob


Antes de dizer minha opinião, bora para uma ambientação dessa webnovel chinesa. Como uma história sobrenatural e oriental, talvez alguns temas discutidos não sejam pré-reconhecidos por um ocidental. Primeiro, a fantasia chinesa tem alguns subgêneros comuns, que envolvem mitologia chinesa, artes marciais e taoísmo/daoísmo. Você pode saber mais sobre os subgnêneros Wuxia, Xianxia e Xuanhuan clicando aqui.

Essa webnovel que vos resenho é do gênero Xianxia, pois ocorre num universo onde alguns seres humanos cultivam (é como um treino espiritual), buscando imortalidade, e desenvolvem habilidades "mágicas" (numa linguagem adequada: habilidades taoístas, onde conseguem realizar rituais). Esse universo envolve tanto humanos quantos seres sobrenaturais. Em Panguan, os cultivadores são chamados de "panguan". Apesar desse termo significar "juiz do submundo", aqui os personagens não atuam como juizes nem como os lutadores que normalmente vemos na fantasia chinesa. Então, como é a história?

(Muitos parenteses para que eu inicie essa resenha, eu sei, mas vai valer a pena!)

Ao morrer, algumas pessoas estão tão apegadas a algo, que não conseguem seguir em frente e entrar no ciclo de reencarnação, ficando presas em sonhos, que aqui são chamadas de "gaiolas". Essas gaiolas funcionam tanto como uma prisão para que morreu como armadilhas para quem está vivo, capturando quem passa por perto para seu mundo (é como se fosse um rasgo no espaço-tempo). É nesse contexto que entra os Panguan. Eles agem como quebradores de gaiolas, ajudando as pessoas a seguirem em frente. Cada panguan é especializado num tipo de ritual, existindo as seguintes artes: marionetes, adivinhação.

Ok, já apresentei o gênero, o ambiente, falta agora os personagens e a trama.

O que falar dos protagonistas? O protagonista da história é Wen Shi, um panguan especializado em marionetes e discípulo direto do fundador do Panguan. Ele está preso no ciclo de reencarnação, não conseguindo reencarnar de fato, pois perdeu sua alma há muitos anos de alguma forma que ele não se lembra. Assim, cada vez que ele morre, Wen Shi (meio que) retorna novamente a vida (depois de caminhar por muitos anos para voltar a vida), o que faz a história começar nos dias modernos ao ser encontrado por um dos seus discípulos.

Nisso, a história gira em torno da busca de Wen Shi com seu discípulo Xia Qiao pelos pedaços da sua alma enquanto quebram gaiolas, relembra sua infância com seu mestre e descobrimos o que aconteceu que fez Wen Shi perder sua alma e ninguém falar o nome do seu mestre, o fundador do Panguan. Ah, e seu par romântico Xie Wen acompanha-o nisso tudo. Spoilers que eu nem lembro quando é revelado (mas acho que é logo no início): seu par romântico é ninguém menos que seu mestre.

(Finalmente, chegamos na parte que falo minha opinião)

Eu amei a história. Fiquei tão ansiosa para ler os últimos capítulos que nem esperei a tradução e fui ler em MLT (a tradução "bruta" em chinês, que é bem difícil de entender"); quando sair a tradução, vou ler, claro, porque, Deus, em MLT foi horrível e maravilhoso e olhe que eu nem entendi tudo. Você pode ler a versão traduzida (e inglesa) em Tiny Salt Translations.

Eu adoro os personagens. É, provavelmente, a primeira vez que leio uma webnovel onde o protagonista é "frio", friamente gentil, e seu par romântico é do tipo que está sempre sorrindo mesmo quando está sofrendo; a relação deles desenvolve-se de uma forma tão pacificamente, silenciosamente... é uma ternura tão grande. E não se preocupe, nada de romance enquanto o protagonista é criança. Ah, e ambos são personagens poderosos. Casal poderoso! Adoro o tropo casal poderoso *suspiro satisfeito*.

As gaiolas me lembro muito o tropo "jogo de sobrevivência" (um tropo asiático famoso que eu amo), onde você entra numa "escape room" e tem que resolver o mistério e sobreviver a ele. Tem um pouco de terror também, mas nada muito assustador. É mais... triste do que assustador, na verdade. São histórias de emocionar, porque é o que prende as pessoas no mundo, na vida, e as impede de reencarnar. Infelizmente, achei o final corrido. O "grande mal" foi resolvido de forma tão rápida que fiquei "o quê, só isso?". Eu esperava mais.

Panguan é uma história agridoce. O final foi o que chamamos (o que eu chamo) de feliz, mas, ainda sim, tive uma sensação de tristeza. Eles passaram por tanta coisa para chegarem até aqui. Acho que é a primeira vez que o final é feliz, mas terminei com essa sensação agridoce. Gostaria de mais capítulos extras sobre o futuro deles ou uma prequela narrando a relação de Wen Shi, seu mestre fundador e os outros discipulos. 


Desafio Literário Livreando 2024: de autor asiático

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