O Fim

Título: O Fim
Autor:Lemony Snicket
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 312
Ano: 2006
Sinopse: Finalmente, o tão esperado 13º volume que encerra a longa narrativa da terrível saga dos órfãos Sunny, Klaus e Violet. Mesmo que a vida dos três oferecesse mistério e martírio suficientes para preencher milhares de páginas, Lemony Snicket garante ter chegado à reta final da solene tarefa que lhe ocupou tantos anos de vida. Será que todo o mistério finalmente será revelado? Afinal, quem são os pais dos órfãos Baudelaire, o que é C.S.C., e o que acontecerá com todos os personagens da série? Bem, talvez O fim não seja para qualquer um. Por isso é de fato muito recomendável que se faça um check-up cardíaco antes de ler o livro.

Desde o começo, os Órfãos Baudelaire passaram por muita coisa e esse é O Fim, não o fim do que aconteceu com eles, mas o fim do ciclo vicioso que os persegue, lido como Conde Olaf, após a triste noticia contada na Praia do Sal.

“É uma coisa curiosa, mas quando uma pessoa viaja pelo mundo, enquanto fica cada vez mais velha, parece que é mais fácil se acostumar à felicidade do que ao desespero.”

Triste noticia essa que leva a mais e mais, a mais recente é o infortúnio incidente causado pelas próprias crianças ao Hotel Desenlace: um incêndio. Forçado a fugirem num barco improvisado, os Baudelaire têm que se unirem ao vilão se quiserem salvaram-se tanto do fogo quanto das pessoas que pensam que eles que são os vilões.
O que eles não preveem é a tempestade que os transforma em náufragos numa ilha, aparentemente livre de pessoas pérfidas e segredos. Contudo, quanto mais tempo passam ali, as crianças sentem-se incompletas. Elas não querem voltar ao ‘mundo’, entretanto está ali também não lhe trazem nenhuma felicidade, pois, Ishmael, o facilitador da ilha, sempre acaba influenciado os habitantes a agirem como ele quer, sem ‘forçá-lo a nada’.

“‘Sou tão honesto quanto o dia é longo’ O vilão estava usando uma expressão que é utilizada por muita gente a despeito do fato de não querer dizer absolutamente nada. Alguns dias são longos (...) e alguns dias são curtos (...) e, portanto, se alguém diz que é tão honesto quanto o dia é longo, pode ser que esse alguém não seja totalmente honesto.”

Todavia a paz é posta em risco quando Kit Snicket chega ferida, e ainda grávida, num quadrado perfeito de livros, que serviu como barco, já que Ishmael recusa-se a aceitá-la (sem forçar nada), assim como fez com Conde Olaf, e os Baudelaire são expulsos da comunidade para poderem ficar com a amiga. Enquanto tentam encontrar uma forma de ajudá-la e a si mesmos, eles são postos mais uma vez em dilemas e tem suas bússolas morais afetadas. Afinal, o que é certo?
Eu mesma (me julguem) senti uma certa empatia pelo Conde Olaf ao lê-lo beijando seu amor verdadeiro enquanto ela está a beira da morte. Eu queria saber o que houve entre eles, o que levou Conde Olaf a ser o que ele é. No final, não posso dizer se realmente existem pessoas boas e más, certo e errado. Cada personagem fez algo errado. Os Órfãos Baudelaire mataram, roubaram e traíram porque foram forçados a isso para continuarem vivos. E se o mesmo aconteceu com Olaf?

“-A vida não é justa - disse ele e, desta Baudelaire concordaram com cada palavra dita pelo Conde.”

"A noite tem mil olhos. E o dia apenas um; contudo, a luz do mundo radiante morre com o sol morrente. A mente tem mil olhos, o coração apenas um; porém, a luz de uma vida inteira morre quando é feito o amor."

Para quem terminou Desventura em Série percebeu, desde o começo, que essa historia não teria um final feliz assim como não teve um começo feliz. Lemony Snicket diz justamente isso em Mau Começo e cumpre com sua palavra.
Estou satisfeita com o desfecho, embora fosse adorar saber todos os segredos que envolve essa trama (nenhum segredo foi abertamente contado, apenas especulações são feitas por nós, leitores), contudo, como o autor mostra, uma historia é relacionada a outra, que é relacionada a outra e a outra... E sempre nos manteremos no escuro em relação a algo.

“Pode-se dizer, de fato, que nenhuma história tem realmente um começo, e que nenhuma história tem realmente um fim, uma vez que todas as histórias do mundo estão tão embaralhadas.”

Para ler Desventura em Série é preciso ter uma memória muito boa para relacionar algo dito nos primeiros livros a esse ultimo, pois Lemony Snicket sai jogando migalhas de informações a esmo. Se não entendeu algo, sugiro que releia toda a serie de desventuras, crie um livro de lugar comum, anote as informações, compare e esqueça. Algumas coisas devem permanecer em segredos.
Citações do livro.
Resenha de Lemony Snicket: Autobiografia Não Autorizada 
Resenha de Quem poderia ser a uma hora dessas? (Nova série de Lemony Snicket)