Livo #204: Juntando os Pedaços

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Jack tem prosopagnosia, uma doença que o impede de reconhecer o rosto das pessoas. Quando ele olha para alguém, vê os olhos, o nariz, a boca… mas não consegue juntar todas as peças do quebra-cabeça para gravar na memória. Então ele usa marcas identificadoras, como o cabelo, a cor da pele, o jeito de andar e de se vestir, para tentar distinguir seus amigos e familiares. Mas ninguém sabe disso - até o dia em que ele encontra a Libby. Libby é nova na escola. Ela passou os últimos anos em casa, juntando os pedaços do seu coração depois da morte de sua mãe. A garota finalmente se sente pronta para voltar à vida normal, mas logo nos primeiros dias de aula é alvo de uma brincadeira cruel por causa de seu peso e vai parar na diretoria. Junto com Jack. Aos poucos essa dupla improvável se aproxima e, juntos, eles aprendem a enxergar um ao outro como ninguém antes tinha feito. (Skoob)
NIVEN, Jennifer. Juntando os pedaços. Seguinte, 2016. 392 p.


Diversos fatores influenciaram para que Libby Strout ficasse conhecida como A Adolescente Mais Gorda Dos EUA e precisasse ser resgata da sua própria casa num guindaste, mas parece que ninguém enxerga isso. O fato de Libbs ter sofrido bullying, de sua mãe ter morrido do nada e feito-a temer não apenas a morte, como também a vida, não importa.

Agora, 136 quilos mais magra, contudo ainda em cima do peso, Libbs deve enfrentar mais um desafio, talvez o pior de todos se livros e filmes estiverem certo: o ensino médio.

“Não é seguir em frente, Libbs. É continuar de um jeito diferente. É só isso. Levar uma vida diferente. Em um mundo diferente. Com regras diferentes. Nunca vamos deixar aquele mundo para trás. Só vamos criar um novo.”

O primeiro dia já é muito difícil por causa dos olhares e das risadas, e se torna ainda pior quando Jake, um garoto que ela não conhece, a abraça sem ela querer no meio do refeitório, parando apenas quando Libbs o soca na boca e ambos são mandados para a diretoria, sendo ameaçados de expulsão e colocados para participar de uma terapia juntos.

Jake não queria fazer isso, mas ele precisa manter sua imagem, porque entre caça e caçador, não há dúvidas nele do que prefere ser. Ele prefere ser a pessoa que faz merda do que a pessoa que a merda é feita. Ele prefere ser a pessoa que faz bullying do que a pessoa que sofre por bullying, porque ele tem sua própria doença, que esconde de todos, principalmente das pessoas que ama.

Jake Malessin tem prosopagnosia. Ele não consegue gravar a imagem das pessoas na sua mente, nem mesmo da sua família, e utiliza de outros métodos para saber quem é quem. Cabelo, altura, roupa, modo de falar. E ninguém sabe. Até que ele conta para Libby numa carta.

“- Não acho justo punir a Libby por uma coisa que eu causei. Prefiro ser punido por nós dois.
- Você é inacreditável - diz a Libby.
- O que foi?
-Você não pode ser o vilão e o herói.”

O livro me lembrou um pouco Eleanor & Park, por eles se conheceram aos poucos depois que Eleanor/Libby acredita que Park/Jake é um idiota, e se apaixonarem. E tem várias referências a filmes, livros, séries, principalmente Supernatural (que eu sou fã).

Os capítulos são pequenos e passa rápido, alternando-se entre os protagonistas, com algumas voltas ao passado. Eu gostei do livro, mas acho que faltou algo, não podendo ser comparado ao outro livro da autora, Por Lugares Incríveis, que é realmente incrível (ótima piada). Para mim faltou uma profundidade nos personagens, principalmente nos secundários, eu queria saber mais do Dustin, o irmão mais novo do Jake, por exemplo.

“Minha mãe dizia que, às vezes, outra pessoa é o centro das coisas, mas calhou de a gente estar ali. Às vezes, essa pessoa precisa aprender uma lição ou passar por determinada experiência, boa ou ruim, e a gente é só um acessório, como um ator coadjuvante.”

Juntando os pedaços é sobre pegar os seus pedaços, quando você acredita que está arruinado e que nada será como antes, e criar uma nova pessoa, mais maravilhosa ainda do que você já era. É sobre não ser pedaços fragmentados para cada pessoa que você conhece, mas juntar todos eles e formar apenas uma pessoa maravilhosa. É sobre ser você, completamente você, com todos os pedaços que compõe você, sem medo do que os outros irão pensar.

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