Livro #129: Meu coração e outros buracos negros

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Meu coração e outros buracos negros

Título: Meu coração e outros buracos negros
Autora: Jasmine Warga
Editora: Rocco
Páginas: 312
Ano: 2016
Sinopse: Um tema amargo, mas necessário. Em Meu coração e outros buracos negros, a estreante Jasmine Warga apresenta aos leitores um romance adolescente que aborda, de forma aberta, honesta e emocionante, o suicídio. Aysel, a protagonista, enfrenta problemas com a família e os colegas de escola, como tantos jovens por aí, e, aos 16 anos, planeja acabar com a própria vida. Mas quando ela conhece Roman num site de suicídio, em busca de um cúmplice que a ajude a planejar a própria morte, num pacto desesperado, a vida dos dois literalmente vira de cabeça para baixo. Aos poucos, Aysel percebe que seu coração ainda é capaz de bater alegremente. E ela precisará lutar por sua vida, pela vida de Roman e pelo amor que os une, antes que seja tarde.


Aysel é uma jovem como qualquer outra da sua idade ao ser viciada na internet, viajando por abas secretas quando ninguém no seu trabalho está olhando, mas... Isso tem uma razão. Quando ninguém está olhando, Aysel olha seu site favorito, seu site proibido, um site que se pode encontrar um parceiro para suicídios.

“Às vezes, imagino que meu coração é como um buraco negro – tão denso que não há espaço para a luz, mas isso não significa que não possa me sugar para dentro dele.”

Com 16 anos, Aysel é fascinada com física, especificamente o que acontece com a energia dos nossos corpos – energia potencial, cinética... O que acontece com nossa energia quando morremos? Energia não pode ser criada ou destruída, apenas transformada, então o que acontecerá a sua energia quando ela morrer? Se suicidar?
Aysel sabe que não estará disposta a enfrentar isso sozinha por mais que queira, assim ela precisa de RobôCongelado, um adolescente sem amigos,sem esperança, um adolescente que será que nem ela; eles ajudarão um ao outro no suicido. Só que RobôCongelado não é nada do que ela imaginou, não é nada parecido com ela.

“Não sei como descrever, mas, quanto mais o encaro, mais vejo a dor o envolvendo, como algemas que nunca poderá tirar. Tento imaginá-lo sem a dor, sem o peso, sem o congelamento, mas é difícil enxergá-lo sem que esteja desesperadamente triste. É, ele parece alguém destinado a ser popular e bem-sucedido, mas também parece alguém que foi feito para se enlutar. E o luto lhe cai bem.”

RobôCongelado é Roman e tem tudo que um adolescente pode querer: amigos, popularidade, beleza, talento em basquete...Mas também tem muita triste nos seus olhos, muita frieza em seus movimentos, ele é como seu nick diz: um robô congelado.
Na espera até o dia 7 de abril, a data escolhida por Roman para eles se suicidarem, o livro faz uma contagem regressiva até que esse momento chegue, apresentando-nos ao dia a dia e a luta diária de Aysel – a história é contada em primeira pessoa por ela – e seu envolvimento com Roman nos preparos finais.

“-Cuidado – avisa ele.
-Por quê?
Não estou pensando em tomar cuidado. Estou pensando no último empurrão, em soltar, voar e cair.
-Você não pode morrer sem mim – sussurra ele.”

Quando você escolhe um assunto sério, você deve tratá-lo com seriedade, dá a atenção que ele merece, contudo... Isso não acontece aqui. O tema principal do livro é o suicídio (ou deveria ter sido), mas ele foi tratado de forma tão leve que acabou sendo uma faca de dois gumes.
Ao mesmo tempo que o livro foi leve, simples, fácil de ler, ele também me passou um sentimento de superficialidade, pois o foco da história acabou ficando no romance. E eu não sei. Não estou dizendo que o suicido foi romantizado, ou que eu não gostei do romance entre os personagens (foi meio fofo, meio rápido demais), mas a autora não deu a atenção que deveria. Eu senti falta dessa atenção.

“Tudo sempre pareceu tão definitivo, inevitável, predestinado. Mas começo a acreditar que minha vida pode ter mais surpresas do que jamais percebi. Talvez seja tudo relativo, não apenas a luz e o tempo, como Einstein teorizou, mas tudo. Como a vida pode ser terrível e incorrigível até o universo mudar um pouco e o ponto de observação ser alterado e, de repente, tudo parece mais suportável.”

Esse foi um livro que eu não me arrependo de ler, mas também não é um livro que eu recomendaria completamente a todos os tipos de público, porque... na minha opinião, pode servir como uma faca de dois gumes (novamente), pode tanto ajudar alguém quanto prejudicá-la.
Citações do livro.

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