Autora: Brie Spangler
Editora: Seguinte
Páginas: 384
Ano: 2017
Sinopse: Dylan não é como a maior parte dos garotos de quinze anos. Ele é corpulento, tem quase dois metros de altura e tantos pelos no corpo que acabou ganhando o apelido de Fera na escola. Quando ele conhece Jamie, em uma sessão de terapia em grupo para adolescentes, se apaixona quase instantaneamente. Ela é linda, engraçada, inteligente e, ao contrário de todas as pessoas de sua idade, parece não se importar nem um pouco com a aparência dele. O que Dylan não sabe de início, porém, é que Jamie também não é como a maioria das garotas de quinze anos - ela é transgênera, ou seja, se identifica com o gênero feminino, mas foi designada com o sexo masculino ao nascer. Agora Dylan vai ter que decidir entre esconder seus sentimentos por medo do que os outros podem pensar ou enfrentar seus preconceitos e seguir seu coração.
Dylan é a Fera, com seus 1,93m coberto de pelo, parece ter saído de A Bela e a Fera, seu apelido na escola é justamente esse. Ou um deles. Ele também é conhecido como Bola de Pelo, Lobisomem, etc, etc, etc.
Sua altura e sua largura, seu tamanho, é tudo que veem quando o olham. E o fato de jogar futebol americano - ele nem joga! Ou gosta. E, mesmo assim, caiu do telhado e quebrou a perna, tentando pegar uma bola de futebol americano.
"-Como está sua autoestima?
Se eu for ser sincero, está uma droga. Se eu for sincero pra valer, tenho depressão há mais de quatro anos."
Depois de uma cirurgia e de gesso (muito, muito gesso) e de talvez uma queda-quase-que-pulo não tão acidental do telhado, Dylan se ver obrigado a participar de uma terapia em grupo (ele não precisa disso). E é lá, com um bando de garotas bonitas (O que elas estão fazendo ali? Garotas bonitas não tem problemas!), Dylan conhece Jamie.
Jamie é uma garota. A melhor e mais bonita e horrível de todas. (Eles são horríveis juntos, tão horríveis que os quero para mim.) E ela é trans.
"-Gostaria de poder acordar e ser alguém diferente. Só por um dia.
Isso anima um pouco Jamie.-Em que sentido?Ah, no sentido óbvio de não ser um ogro?-Minha aparência.Ela deixa as costas retas e assente com a cabeça.-Certo. Claro, é. A embalagem. Eu entendo. - É claro que entende. Ela tem dois olhos que funcionam e eles estão voltados para mim."
É uma surpresa para Dylan quando descobre isso, embora Jamie não tenha escondido - foi algo que disse na terapia em grupo... quando ele não prestava atenção, absorto demais no fato de ser uma aberração horrorosa e sem salvamento. Uma fera. A Fera.
Dylan está confuso. Tipo, ele gosta de garotas e Jamie é... (Suas palavras, não minhas. Não me coloque no mesmo grupo. Jamie é uma garota.)
E, o melhor de tudo, Dylan percebe que seu melhor amigo é um manipulador sem coração. E que ele mesmo é um dos idiotas que acreditam nele, que não está imune ao seu charme perfeito de "eu sou perfeito" como pensava, queria acreditar que sim.
"-Não foi o desejo que fiz para a estrela ontem à noite, mas eu também já quis o mesmo que você. Talvez seja por isso que nem o meu nem o seu foram realizados. Estamos sobrecarregando o sistema.
-Talvez a fábrica de desejos precise de uma nova central de atendimento.-Você é engraçado - ela diz. - Mesmo que seja mentiroso.-Quê? Por que sou mentiroso?-Se a sua vida é tão incrivelmente fantástica - ela sussurra - por que você está aqui?"
No começo não gostei muito, achei a forma de narração em primeira pessoa do Dylan meio estranha - ele é estranho. Mas, conforme avançava, eu gostei. Eu tenho uma queda por personagens estranhos, que se perdem nos próprios pensamentos.
Dylan tem uns pensamentos doidos, agora aqui e do nada ele é um galã de filme. Foi bem real. Sério. Sem brincadeira. Ele foi um personagem real, com detalhes e defeitos e eu o entendi. E fiquei com raiva dele. Como ele podia agir desse jeito? Ok, que ele não sabia, seria revoltante descobrir assim, mas... Dylan não maltratou (no sentido físico) Jaime, mas eu ainda estou com raiva dele. E eu o entendo. Essa combinação é horrorosa na vida real, mas em livros faz maravilhas, significa que a autora acertou em cheio. Parabéns, Brie Spangler!
"-Você é horrível - ela diz.
-Não, você é horrível.-Somos ambos incrivelmente horríveis - ela diz. E como somos. Horrivelmente juntos para sempre."
Jamie, Jamie, Jamie... É uma garota incrível. Uma garota como qualquer outra, que só quer que todos entendam isso e que você não fica pensando 24h no que te faz garota. (Eu não fico.) Ela tem outras coisas na sua mente. Como tirar fotos. De coisas mórbidas. E que mostram a vida.
Foram esses dois personagens, há também o idiota do amigo (sempre há) e a mãe sem limites. E eu achei ótimo eles, com a autora colocando outra história além do romance, porque você não fica pensando 24h em quem gosta, há outras coisas na vida.
"Só queria que você soubesse que não está sozinho. Caso se sinta grande demais, saiba que é só porque às vezes o mundo é meio pequeno."
Sim, a história é sobre um garoto cisgênero hétero se apaixonado por uma garota trans hétero e sobre o que isso significa e, embora seja em parte (muito completamente) sobre isso, não é tudo. Há todos os hormônios e pensamentos distantes que há quando você gosta de alguém. (Eu acho. Que há. Quando você gosta de alguém. Eu não sei.) Mas também há o fato de você viver sua vida, que é sua, com base no que você acredita, quer, sem esperar sinais do além sobre o que você deve fazer (não estou falando de religião, eu sou cristã), todavia você deve fazer suas escolhas e se responsabilizar por elas e ter sua fé, o que você acredita, sua moral, como guia.
Citações do livro.
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