Livro #165: Inventei você?

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Inventei você?

Título: Inventei você?
Autora: Francesca Zappia
Editora: Verus
Paginas: 346
Ano: 2017
Sinopse: Alex está no último ano do ensino médio e trava uma batalha diária para diferenciar realidade de ilusão. Armada com uma atitude implacável, sua máquina fotográfica, uma Bola 8 Mágica e sua única aliada — a irmã mais nova —, ela declara guerra contra sua esquizofrenia, determinada a permanecer sã o suficiente para entrar na faculdade. E Alex está bem otimista com suas chances, até se deparar com Miles. Será mesmo aquele garoto de olhos azuis com quem ela compartilhou um momento marcante no passado? Mas ele não tinha sido produto da sua imaginação? Antes que possa perceber, Alex está fazendo amigos, indo a festas, se apaixonando e experimentando todos os ritos de passagem tipicamente adolescentes. O problema é que ela não está preparada para ser normal. Engraçado, provocativo e emocionante, com sua protagonista nada confiável, Inventei você? vai fazer os leitores virarem as páginas alucinadamente, tentando decifrar o que é real e o que é invenção de Alex.


Alex não sabe se Olhos Azuis é real ou não. Muitas coisas, ela não sabe diferenciar. Para ela, realidade e fantasia às vezes é o mesmo, se não toda vez.
Fazendo reconhecimento do local antes, tirando fotos para ver depois, procurando rastreadores em sua comida e nazistas a espreita, Alex tem esquizofrenia.

"Às vezes, acho que as pessoas tomam a realidade como algo certo."

Sua primeira alucinação (aparentemente) foi o fato de que um garoto estranho, que sabia nomes científicos de animais, de olhos azuis aproximou-se dela e disse que ela cheirava a limões. Não que tinha cabelos vermelhos como todos. Alex ofereceu seu achocolatado de volta. E, juntos, eles libertam as lagostas que tinham a mesma tonalidade que o cabelo dela.
Durante anos, Alex pensou que seu primeiro amigo fosse imaginário, mas então ela o encontra.

"Estendi a mão, contrariando meu bom senso. Minha mãe sempre me disse para ser educada, não importando a situação. Mesmo se a outra pessoa pudesse ter uma faca escondida na manga.
-Sou a Alex."

Miles Richter tem os mesmos olhos azuis que Olhos Azuis, mas é um babaca. E por algum motivo todos o odeiam na escola. E tem medo dele. E o pagam para fazer coisas que não querem ou... ou o que for. Miles não rejeita trabalho. (Isso me lembrou um pouco Sway de Kat Spears.)
Alex não sabe se Miles é o seu Olhos Azuis ou se quer que ele seja. Às vezes sim, às vezes não. Mas sabe que ele não pode descobrir sobre sua doença para que a notícia não se espalhe. Contudo ela acaba sendo obrigada a passar mais tempo com ele porque Miles é o responsável pelo Clube de Apoio aos Esportes Recreativos da East Shoal, em que qualquer um que apronta é mandado para lá. E Alex pichou o ginásio da sua antiga escola. Com algumas palavras. E acaba... gostando de lá.

"-E se você não for real porque nada disso é real?
-Se nada é real, então de que importa? - disse. - Você mora aqui. Isso não torna real o suficiente?"

A história não tem um grande mistério a ser revelado assim, logo de cara, algo que te faça se perguntar se vai ler ou não. A melhor questão que posso deixar é: você é real? Chega um momento na história que você fica assim, se perguntando o que é real e o que não é, porque Alex não sabe mais diferenciar e você fica se questionando, duvidando de sua mente assim como ela - você entra na pele da protagonista e acompanha-a quando ela sempre olha ao redor ao chegar num lugar novo, como tira fotos para depois revê-las, como desconfia de todos, inclusive da própria mãe.

"Eu sou louca?
Concentre-se e pergunte outra vez
Eu sou louca?
Resposta nebulosa, tente outra vez
Eu sou louca?
Agora não posso prever
Melhor não dizer agora
Concentre-se e pergunte outra vez
Melhor não dizer agora
Resposta nebulosa, tente outra vez
Agora não posso prever
Pergunte de novo mais tarde
Pergunte de novo mais tarde
Pergunte de novo mais tarde"

Alex é uma protagonista que não se deixa abalar e é inteligente e sarcástica e você gosta dela. A autora não criou uma personagem para sentir pena, a doença é apenas uma pequena parte de quem Alex é, a esquizofrenia não define quem ela é. Alex não é doida ou louca ou menos capaz do que qualquer um.
E temos Miles, é claro, o mocinho da história que não é tão "bonzinho" assim, mas que tem seu próprio passado, seus próprios segredos. Seria ele Olhos Azuis? Você nem pensa nisso, encantada demais com a inteligência de Miles e com a equipe dele, de como todos chamam ele de chefe e do jogo das vinte perguntas (vinte perguntas para adivinhar alguém que você escolhe), que nem chegam a tanto antes que ele saiba quem é a pessoa.

"-Eu disse à Alex que a gente não ia cometer crime nenhum.
-É… chefe? Você chama arrombamento e invasão de quê?
-De crime - disse Miles. - Mas não é arrombamento e invasão se a gente tem a chave."

Minha única crítica é que não houve um aprofundamento na equipe do Miles, eu adoraria saber mais, entender como eles entraram no Clube, entrar, quem sabe, também...
Primeiro livro da autora que eu li (acho que é o primeiro dela também) e eu adorei. A relação dos personagens, as discussões e desentendimentos (muito verissímel) a evolução, a revelação do que é real e do que não é - não que tenha sido um choque, ao longo da história teve pistas. É um livro simples, mas que te prende e não te deixa numa ressaca depois de ler. 

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