Livro #164: O Navio dos Mortos - Magnus Chase e os Deuses de Asgard 3
Autora: Rick Riordan
Editora: Intrínseca
Paginas: 368
Ano: 2017
Sinopse: Em O navio dos mortos, Loki está livre da sua prisão e preparando Naglfar, o navio dos mortos, para invadir Asgard e lutar ao lado de um exército de gigantes e zumbis na batalha final contra os deuses.
Desta vez, Magnus, Sam, Alex, Blitzen, Hearthstone e seus amigos do Hotel Valhala vão precisar cruzar os oceanos de Midgard, Jötunheim e Niflheim em uma corrida desesperada para alcançar Naglfar antes de o navio zarpar no solstício de verão, enfrentando no caminho deuses do mar raivosos e hipsters, gigantes irritados e dragões malignos cuspidores de fogo. Para derrotar Loki, o grupo precisa recuperar o hidromel de Kvásir, uma bebida mágica que dá a quem bebe o dom da poesia, e vencer o deus em uma competição de insultos. Mas o maior desafio de Magnus será enfrentar as próprias inseguranças: será que ele vai conseguir derrotar o deus da trapaça em seu próprio jogo?
Num barco amarelo margarina artificial, flutuando pelos nove mundos, está a única salvação para impedir Loki e o começo do Ragnarök: um anão com ótimo estilo, um elfo surdo e mágico, duas filhas de Loki, dentre elas uma morta que é einherjar, bem como outros cinco filhos de deuses nórdicos... que agora estão mortos.
Nessa viagem emocionante, cada um tem sua pequena participação e deverá enfrentar seus próprios medos e fraquezas. Assim como monstros, deuses, gigantes e dividades nórdicas que não são nenhum nem outro ou se deixam serem reduzidos a apenas uma coisa.
"-Então… vocês comem elfos e anões?
-Às vezes. - Aegir pareceu ficar na defensiva. (...) - Por que a pergunta? Você tem restrições alimentares?
-Na verdade, tenho! Sou muçulmana.-Entendi. Peço desculpas. Acho que anões não são halal. Já não tenho tanta certeza quanto aos elfos.-Também não - disse Sam. - Na verdade, estamos no ramadã, o que quer dizer que preciso fazer minha primeira refeição com anões e elfos, em vez de comê-los ou estar na companhia de alguém que coma. É estritamente proibido.-Que pena. - Nosso anfitrião suspirou. - E quanto aos demais?-Eu sou vegetariano - respondi na lata, o que não era verdade, mas, ei, falafel não tinha carne.-E eu tenho cabelo verde. - Alex abriu as mãos como quem diz: O que se pode fazer? - Infelizmente, comer anões e elfos é contra minha crença. Mas agradeço o convite."
A tarefa de Magnus Chase, filho de Fey é: encontrar o hidromel de Kvásir, que é feito de sangue de Kvásir, que foi feito por cuspe de divindades nórdicas. Muito saboroso. Magnus mal pode esperar para beber essa mistura e virar um poeta e está preparado para o vitupério, uma disputa de insultos até a morte com Loki.
Hum, apesar do que parece, não é tão fácil. Principalmente quando não se pode morrer e re-viver. De novo. Quantas vezes for necessário até o Ragnarök
Magnus pode não ter o peso do mundo nos ombros, mas ele sente os dos nove mundos, porque se não conseguir deter Loki, o Ragnarök começará mais cedo e tudo que todos querem é que ele comece o mais tarde possível. (De preferência quando a tecnologia humana estiver avançada o bastante para aguentar uma live no apocalipse.)
"-Bom, Sam - disse Alex. - Foi bom conhecer você. -E eu? - perguntei.
-O júri ainda está deliberando."
"-O que acabou de acontecer? - perguntei a ele.
Não há palavras para isso em linguagem de sinais, disse Hearthstone."
O livro foi uma surpresa. Não porque teve algo surpreendente ou... não sei, eu gostei do livro e eu não esperava por isso - passei por um momento de decepção depois de ler A Profecia das Sombras (segundo livro de As Provações de Apolo, que eu não gostei muito)... e, claro, perceber que não teria muito Percy Jackson nesse livro.
Percy aparece no primeiro capítulo e dá tchau no segundo, terceiro? Foi bom enquanto durou. Temos (nesse caso eu) que perceber que a lenda de Perseus Jackson, herói do Olimpo, agora é uma lenda e há novas histórias por vir, que ele não é mais o único herói com azar o suficiente para ser condenado a tal vida. Acrescentemos Magnus a lista, porque (além de estar morto) esse é o último livro dele.
"-Sam e eu não teríamos conseguido - admiti. - Você é quem prefere agir a discutir, como disse Frigga.Jacques veio flutuando, sua lâmina tremendo e ondulando como uma serra.-Frigga? Ah, cara, eu não gosto da Frigga. Ela é silenciosa demais. Dissimulada demais.-Ela é minha mãe - resmungou Mallory.-Ah, essa Frigga! - corrigiu Jacques rapidinho. - Ela é ótima.-Eu odeio ela.-Deuses, eu também! - compadeceu-se Jacques."
Magnus, Magnus, Magnus... Você não recebeu o prêmio de melhor personagem. Jacques continua sendo o melhor. Como não ser, sendo uma espada do verão falante e voadora? Além do mais, Jacques é muito atencioso. E está de coração partido depois que Contracorrente o rejeitou! (Como ela pode?!)
Voltando para Magnus, ele cresceu, não tenho do que reclamar dele (e não me pergunte "como assim ele cresceu?"). Magnus continua o mesmo personagem que eu adorei no primeiro livro, embora seja difícil manter o sarcasmo mórbido quando já está morto (eu acho). Senti saudades disso.
Ainda acho impressionante que Magnus seja ateu. Sendo filho de um deus nórdico. Sabendo que existe tantos outros deuses por aí, de variados panteões. Mas o ateísmo dele é relação a ter uma força cósmica maior, Deus com letra maiúscula, um plano, um propósito para a humanidade. Eu o entendi.
Em contraste, há Samirah, filha de Loki, valquíria de Odin, que é muçulmana e acredita.
"Deus é maior. (...) Do que tudo. O motivo de dizer isso é para lembrar a si mesmo que Deus é maior do que tudo que você está enfrentando: seus medos, seus problemas, sua sede, sua fome, sua raiva. Até seus problemas com um pai como Loki."
Eu sei o que você está se perguntando (é, eu sei): tem FierroChase? Nosso ship da morte? (Eu vi isso no tumblr e adorei. Navio dos Mortes = ship, navio em inglês ou quase, + dois mortos. Impressionante.) E, sim, tem! Não tanto quanto eu gostaria, mas! Há uma razão, você entende, e eles tem muito tempo ainda.
Alex Fierro continua a personagem maravilhosa de sempre e... eu não sei se é porque Riordan fez um bom trabalho explicando sobre o fato dela ser gênero fluído ou porque li mais livro e vi mais coisas a respeito e me sinto mais confortável. Mas é indiscutível o modo como ele mostrou que isso pode ser natural, que você, seja lá como se sinta e seja, vai encontrar quem fique ao seu lado por ser quem é. Apesar de tantas pessoas não fazerem o mesmo.
"Às vezes eu me enganava e usava os pronomes errados para ele/ela, então Alex rebatia implicando comigo sem piedade. Amizade é isso."
Grande parte da história é sobre encontrar o hidromel de Kvásir, embora (como já disse) não é tão fácil quanto parece. Há várias outras missões que eles têm que fazer antes de chegarem a isso, uma coisa leva a outra e, no decorrer isso, Tio Rick nos apresenta a críticas referentes a religião, sexualidade, identidade de gênero, família... e mostra que, mesmo morto, quando se é um einherjar a espera do Ragnarök, a vida continua. A pergunta que fica é: veremos Magnus Chase e semideuses nórdicos novamente?
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