Livro #186: As memórias de Sherlock Holmes - Sherlock Holmes 2

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Sherlock Holmes é possivelmente o detetive mais amado de toda a literatura policial. Esse volume de suas façanhas traz, na seqüência em que foram originalmente publicados na Strand Magazine entre 1892 e 1893, os 12 contos que compõem As memórias de Sherlock Holmes: Silver Blaze, A caixa de papelão, A face amarela, O corretor, A tragédia do Gloria Scott, O Ritual Musgrave, Os fidalgos de Reigate, O corcunda, O paciente residente, O intérprete grego, O tratado naval e O problema final. (Skoob)
DOYLE, Arthur Conan. As memórias de Sherlock Holmes. Sherlock Holmes #2. Zahar, 2010. 408 p.


Nesse segundo livro, que também reúne 12 contos como o anterior, Sherlock mostra-se mais... humano, não uma máquina perfeita e incapaz de errar. Ao narrar seus primeiros casos, num período pré-Watson, antes mesmo de decidir ser um detetive consultor, vemos um Sherlock mais como observador do que um participador ativo, apenas acompanhando os acontecimentos sem interferir neles ou fazendo nenhuma dedução característica sua.

"Como todos os raciocíonios de Holmes, a coisa, depois de explicada, pareceu a própria simplicidade. Ele leu esse pensamento em meus traços e seu sorriso teve uma ponta de amargura.- Acho que faço uma tolice ao explicar - disse. - Resultados sem causa são muito mais impressionantes."

Teve dois contos que me marcaram durante a leitura: A caixa de papelão e A face amarela.

A caixa de papelão, o  segundo conto dessa obra,  não foi publicado na primeira vez que As memórias de Sherlock Holmes foram reunidas, porque Conan Doyle o considerava muito fortes para os seus jovens leitores. E eu tenho que concordar; a maioria dos casos desse livro teve uma nota sombria. Eu terminei a leitura de A caixa de papelão como se tivesse terminado o livro todo e estivesse em choque, sem saber o que fazer, refletindo sobre tudo o que aconteceu, porque foi tão real que eu não acreditava, parecia até que terminei de assistir o noticiário e visto uma reportagem horripilante e estivesse incapaz de comentar a respeito, porque poderia ser com qualquer um.

Por sua vez, o conto que se segue, A face amarela, me deixou feliz. Foi uma das vezes que Sherlock Holmes esteve errado e eu acho que isso não significava algo ruim, que nenhum mal foi cometido por causa disso.

Em As memórias de Sherlock Holmes, dois personagens merecem destaque: Mycroft Holmes, irmão de Sherlock Holmes, sete anos mais velho e mais inteligente do que o próprio, em que os dois têm uma relação que me lembrou Thor e Loki em Thor: Ragnarok (melhor filme que eu assisti a respeito do relacionamento entre irmãos), discutindo e completando-se enquanto discutem para provar quem estar certo primeiro; e, claro, não tem como não destacar o Professor Moriarty.

"Ele (Moriarty) é o Napoleão do Crime, Watson. É o organizador de metade do que se faz de errado e de quase tudo que passa despercebido nesta grande sociedade. É um gênio, um pensador abstrato. Tem um cérebro de primeira ordem. Permanece estático, como uma aranha no centro de sua rede, mas essa rede tem mil radiações, e ele conhece cada palpitação de cada uma delas."

Enquanto lia, eu fiquei me perguntando porque esse livro chama-se As memórias de Sherlock Holmes, mas só quando cheguei ao último conto, O problema final, eu percebi. É o conto que Professor Moriarty, nêmesis de Sherlock Holmes, aparece pela primeira vez ao leitor. E se você tem algum conhecimento básico da história, mesmo sem ser fã, vocês sabem como termina, com os dois homens mais inteligentes engalfinhando-se até a morte numa cachoeira.

Mas, como bem sabemos (eu adoro supor que todo mundo sabe o que eu sei), esse não é o fim da jornada de Sherlock Holmes, porque ele volta dos mortos para muitos mais casos! Claro, há teorias, como as notas do livro apresentam, que diz que Sherlock Holmes morreu e foi substituído por um sobrinho seu, ou que talvez Moriarty era inocente ou nunca existiu. A minha preferida é a que diz que Moriarty não morreu, porque ele é o Demônio e, dã, ele não pode morrer.

"(...) e lá, no fundo daquele medonho caldeirão de água em torvelinho e espuma fervilhante, haverão de jazer para sempre o mais perigoso criminoso e o mais eminente defensor da lei da sua geração."

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