Livro #193: Contos Peculiares
Sinopse: O livro dentro dos livros, Contos peculiares é a coletânea de contos e fábulas citada ao longo da série O lar da srta. Peregrine para crianças peculiares — o livro com as histórias que os jovens peculiares escutam sua protetora contar e recontar. Um menino que vira gafanhoto e foge com um grupo de gansos; uma princesa com língua de cobra à procura de um príncipe com quem se casar; canibais ricos que comem braços e pernas de peculiares que têm o dom de se regenerar são alguns dos personagens dessas narrativas que há séculos povoam o imaginário dos peculiares, oferecendo não apenas valiosas lições, mas também pistas para informações secretas, como a localização exata de certas fendas temporais, por exemplo. Compilado por Millard Nullings, o menino invisível acolhido no lar da srta. Peregrine, o livro inclui surpreendentes comentários e notas, além de um desfecho alternativo para a tocante história do gigante Cuthbert, já conhecida dos leitores da série. Inusitado, surpreendente e divertido, Contos peculiares é ao mesmo tempo um delicioso complemento e uma porta de entrada para o rico universo criado por Ransom Riggs; um verdadeiro presente para quem não resiste à magia das boas histórias. (Skoob)
RIGGS, Ransom. Contos Peculiares. Intrínseca, 2016. 208 p.
Eu só li o primeiro livro de O lar da srta. Peregrine para crianças peculiares e confesso que não gostei muito (sim, eu sou uma dessas peculiares), estou até hoje empacada nele e não me vejo lendo o segundo tão cedo. Quando eu peguei esse livro emprestado para ler, tenho que dizer que nem percebi que fazia parte dessa série, conforme fui lendo é que percebi que já ouvi peculiares em algum lugar e fui ver quem era o autor mesmo e... não é que eu estava certa?
O primeiro ponto que diverge de O lar da srta. Peregrine para crianças peculiares, na minha opinião (embora faça tempo que o li e possa estar errada), é a narração. A narração de Contos Peculiares lembrou-me da de Lemony Snicket, que eu sou apaixonada; talvez seja diferente porque quem conta os contos não é Ransom Riggs, mas Millard Nullings, um menino invisível que aparece na série de livros. A narração é feita de forma macabra com um tom dramático e engraçado, alternando entre fatos reais e falsos tão embolados um no outro que é difícil separá-los, além de colocar notas de rodapés, comentários, como se fosse realmente um livro de não-ficção, não um de fantasia.
"Seja qual for o desfecho que os leitores prefiram, a moral, também incomum, permanece mais ou menos inalterada. É um alerta às crianças peculiares de que determinados dons são simplesmente tão complexos e perigosos que não devem ser usados,e é melhor deixá-los em paz. Em outras palavras: não é porque nascemos com determinadas habilidades que somos obrigados a usá-la."
Os contos apresentados são... impressionantes. Haja criatividade para eles. Tem tudo que são peculiaridades (que são tipos dons), seja de humanos ou de animais; de todos os gêneros, com morais diversas, porque é para isso que serve os "contos de fadas" afinal, colocar um pouco de juízo na cabeça das crianças. E é isso que os contos dos peculiares fazem, eles ensinam as crianças.
Tem dois contos que se destacaram para mim: o primeiro, Os esplêndidos canibais, que me fez parar a leitura um pouco e encarar chocada o livro, porque foi um pouco assustador e o fato do livro se chamar Contos Peculiares parecia ser por isso (eu ainda não havia ligado com a série). Peculiar é outra palavra para estranho e o primeiro conto é um pouco, eu esperei por outros iguais e... surpreendam-se. O segundo conto é A primeira ymbryne, que, como o título diz, conta a história da primeira ymbryne, que se chamava Ymeene. Para quem não leu a série, as ymbryne é uma parte importantíssima da história. E é o único conto que se sabe realmente que não é apenas uma história.
Ah, e teve mais um que é estranho, totalmente estranho. Ou seja, mais um conto peculiar. As pombas (da Catedral) de St. Paul, que tem como protagonistas... pombas. E não qualquer pombas, mas pombas peculiares; pombas peculiares declarando guerra contra humanos ainda por cima.
"A primeira ymbrye não era uma mulher que podia se transformar em ave, mas uma ave que podia se transformar em mulher."
Em suma, fiquei encantada com o livro. Ele é maravilhoso e lindo, bem organizado por Millard Nullings e ilustrado por Andrew Davidson. E você não precisa ler os outros livros de Ransom Riggs para ler esse, você não precisa nem conhecer O lar da srta. Peregrine para crianças peculiares, embora provavelmente vá perder alguma referência escondida... quem sou eu para dizer?
0 comments