Livro #253: Para educar crianças feministas
Após o enorme sucesso de Sejamos todos feministas, Chimamanda Ngozi Adichie retoma o tema da igualdade de gêneros neste manifesto com quinze sugestões de como criar filhos dentro de uma perspectiva feminista. Escrito no formato de uma carta da autora a uma amiga que acaba de se tornar mãe de uma menina, Para educar crianças feministas traz conselhos simples e precisos de como oferecer uma formação igualitária a todas as crianças, o que se inicia pela justa distribuição de tarefas entre pais e mães. E é por isso que este breve manifesto pode ser lido igualmente por homens e mulheres, pais de meninas e meninos. Partindo de sua experiência pessoal para mostrar o longo caminho que ainda temos a percorrer, Adichie oferece uma leitura essencial para quem deseja preparar seus filhos para o mundo contemporâneo e contribuir para uma sociedade mais justa.
Chimamada Adichie | Para educar crianças feministas | Companhia das Letras | 2017 | 96 p.
Ok, essa é uma carta de Adichie para uma amiga que ela publicou. Traz 15 conselhos ou, como ela diz, "sugestões". É super rápido. E eu adorei o livro e o que Adichie aborda. São ótimos pontos a se considerar e gostei da reflexão que me trouxe, contudo certas falas da autora me deixou desconfortável.
Primeiro, mão gostei de uma parte que ela diz que "gênero neutro é uma bobagem". Eu entendo a explicação dela para isso, mas ela poderia ter se expressado de uma forma melhor. Porque ao mesmo tempo que ela está certa, Adichie está errada. Porque devemos tirar esse padrão de menino veste azul e menina veste rosa, sim; e ao fazermos isso iremos estar caminhando para uma sociedade que não impõe o binário, mas gênero neutro não é uma bobagem. Há pessoas que fogem do binário e ter uma roupa que não impõe isso, mesmo que seja ao comprá-la numa seção exclusiva, é uma forma de sentir-se acolhido.
"Nunca lhe diga para fazer ou deixar de fazer alguma coisa “porque você é menina”. “Porque você é menina” nunca é razão para nada. Jamais."
Outro ponto é que Adichie diz algo "supondo que ela seja heterossexual", não exatamente nessas palavras. Mas. Qual é a diferença se ela for ou não hétero? O conselho que Adichie traz é sobre romance e amor e igualdade num relacionamento. E isso é algo essencial em qualquer tipo de relação, seja romântica ou platônica, entre pessoas de qualquer orientação.
Se eu fosse fazer uma análise, diria que Adichie é uma feminista brilhante, mas que, infelizmente, está um pouco atrasada no movimento lgbtqia+.
"Ensine a questionar a linguagem. A linguagem é o repositório de nossos preconceitos, de nossas crenças, de nossos pressupostos."
Para não terminar essa resenha com uma crítica, quero destacar o conselho que eu mais adorei. Esse é o quinto, sobre ensinar a ler e ensinar o gosto pela leitura, mesmo que seja com você pagando. Eu ri demais disso, principalmente porque chantageio meu sobrinho de 4 anos para ler o alfabeto. Ademais, dar o exemplo; fazer a criança querer ler porque ver você lendo.
E vocês? Já leram? O que acharam? Será que analisei demais?
Livro participante do #DesafioLeiturasAtNoon2020, na categoria "manual feminista".
0 comments