Livro #254: Fale!

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“Fale sobre você... Queremos saber o que tem a dizer.” Desde o primeiro momento, quando começou a estudar no colégio Merryweather, Melinda sabia que isso não passava de uma mentira deslavada, uma típica farsa encenada para os calouros. Os poucos amigos que tinha, ela perdeu ou vai perder, acabou isolada e jogada para escanteio. O que não é de admirar, afinal, a garota ligou para a polícia, destruiu a tradicional festinha que os veteranos promovem para comemorar a chegada das férias e, de quebra, mandou vários colegas para a cadeia. E agora ninguém mais quer saber dela, nem ao menos lhe dirigem a palavra - insultos e deboches, sim - ou lhe dedicam alguns minutos de atenção, com duvidosas exceções. Com o passar dos dias, Melinda vai murchando como uma planta sem água e emudece. Está tão só e tão fragilizada que não tem mais forças para reagir. Finalmente encontra abrigo nas aulas de arte, e será por meio de seu projeto artístico que tentará retomar a vida e enfrentar seus demônios: o que, de fato, ocorreu naquela maldita festa?
Laurie Halse Anderson | Fale! | Valentina | 2013 | 248 p.


"Quando as pessoas não se expressam, vão morrendo aos poucos."

Ao pegar o livro para ler, fiquei surpresa da data de lançamento ser de 1999 e a minha versão ser uma edição comemorativa, um relançamento.

No começo, achei-o um pouco entediante, porque é muito... morno? Não há grandes acontecimentos, mas eu estava tão presa, que eu não conseguia parar de ler.

E acho que esse é um dos pontos que o torna tão especial depois de tanto tempo, porque é facilmente conectável aos leitores, você pode se ver naquela situação e agindo daquela forma.

Outro ponto é que abordou um tema tabu num momento que violência sexual era ignorado por todos. A autora deu voz aqueles que não tinham, reconheceu o sofrimento deles.

"Dê vida a ela. Faça com que se curve: as árvores, ao nascerem, são flexíveis, para não partirem. Coloque marcas, acrescente um galho retorcido, pois não existem árvores perfeitas. Nada é perfeito. As falhas são interessantes. Seja a árvore."

Assim, o livro te prende, te encanta, e você fica torcendo por Melinda finalmente encontrar a voz dela. E o que eu achei mais interessante é que é através da arte que Melinda se encontra e isso é tão real, o poder que a arte tem para transformar e fazer a pessoa entrar em contato com aquilo que é difícil.

E aí, alguém já leu ou assistiu o filme? Confesso que o filme me fez não querer ler o livro (não passei dos dez minutos), mas o livro me fez querer tentar de novo e assistir o filme.

Livro participante do #DLL20, na categoria "mais antigo da estante".

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