Cinder
Título: Cinder - Crônicas Lunares 1Autora: Marissa Meyer
Editora: Rocco
Páginas: 448
Ano: 2013
Sinopse: Num mundo dividido entre humanos e ciborgues, Cinder é uma cidadã de segunda classe. Com um passado misterioso, esta princesa criada como gata borralheira vive humilhada pela sua madrasta e é considerada culpada pela doença de sua meia-irmã. Mas quando seu caminho se cruza com o do charmoso príncipe Kai, ela acaba se vendo no meio de uma batalha intergaláctica, e de um romance proibido, neste misto de conto de fadas com ficção distópica.
A Lua foi conquistada e habitada pela Terra, só que hoje, Luna, não é apenas independente, como bem mais rica do que a Terra, que foi destruída por diversas guerras. E seus habitantes lunares são frios, invejosos, vingativos... E poderosos.
"A lua vagarosa chamou a atenção de Cinder, e uma onda de arrepios cobriu seus braços. A lua sempre lhe causara certa paranoia, como se as pessoas que morassem lá pudessem estar observando-a, e tinha medo de que, se olhasse por muito tempo, pudesse atrair a atenção delas. Uma superstição sem sentido, mas tudo a respeito dos lunares era misterioso e envolto em superstições."
Lunares desenvolveram uma incrível capacidade de manipulação sobre outros, podendo fazê-los ver ou sentir algo que é falso. A mais poderosa e cruel deles é a Rainha Levana, que dizem ter matado a irmã e a sobrinha para tomar o trono. Ela é tão poderosa que mantém um encanto sobre si 24 horas e faz com que todos sigam as ordens que ela quer. E odeia espelhos por mostrar quem ela realmente é, assim como cascudos – lunares que nasceram sem encanto – quem são imunes a esse “controle mental”.
“-Eles não têm espelhos porque não querem se ver?
-Vaidade é um fato, mas é mais uma questão de controle. É mais fácil induzir os outros a acreditar que você é lindo se você puder se convencer de que é lindo. Mas espelhos têm um jeito incomum de dizer a verdade.”
Nesse mundo distópico, também é possível encontrar ciborgues, seres humanos com partes mecânicas que são tão odiados quanto lunares. Cinder, protagonista da história, é uma deles.
Adotada quando criança, Lihn Cinder não se lembra de nada antes de ser 36,48% máquina. Ela não sabe o que é ser um ser humano, ser ciborgue é tudo que ela conhece; ser empregada da sua madrasta, que a trata como um robô, cuidando de todos os serviços e sendo a única a trabalhar, também.
É justamente trabalhando que Cinder conhece o Príncipe Kai, que a busca pessoalmente para consertar um dos seus androides, porque Lihn Cinder é justamente a melhor mecânica de Nova Pequim. E é logo depois desse encontro que a vida de Cinder muda.
“-Não quero lhe dizer como ser príncipe, mas você não devia ter alguns guarda-costas ou algo assim?
- Guarda-costas? Quem iria querer fazer mal a um cara encantador como eu?”
Assim que Príncipe Kai sai, uma agitação na praça começa que só pode significar “letumose”, uma doença transmitida pelo ar e sem cura que acomete apenas terrestres, embora os lunares – imunes – tenha sido quem a trouxe para a terra. Depois que consegue escapar dos androides que vasculhavam a área, Cinder ver que não está livre da letumose quando sua meia-irmã Peony – a única que a aceita como ela é, além da androide Iko – também pega a doença e ela é oferecida como voluntária por sua guardiã (e madrasta má) para descobrir a cura.
“Cinder acenou de volta, sabendo que deveria ser ela. Já sobrevivera ao destino uma vez. Ela é que deveria estar sendo levada. Era ela que deveria estar morrendo. Deveria ser ela. Tudo se resumia a isso.”
Adorei o fato da historia se passar num local oriental, diferente das tão conhecidas distopias que tem EUA, Europa, o que for como cenário. Até o nome deles segue o padrão oriental, com sobrenome na frente dos nomes! Embora eu tenha achado (ainda acho) um certo problema em imaginá-los com olhos puxados, cabelos pretos lisos...
Contada na terceira pessoa, a história se foca mais na Cinder, mas não espere descrições físicas detalhas, (o que não me ajudou em imaginá-los como orientais) entretanto os detalhes técnicos, informáticos, cibernéticos, chame do que quiser, são maravilhosos e complexos.
“-Não me lembro, na verdade, de nada de antes da cirurgia.
-A operação cibernética?
-Não, a de mudança de sexo. (...) Estou brincando.”
Cinder (a personagem, não o livro) é forte e decidida, sem a capacidade de chorar ou corar, porque isso não foi considerado importante durante sua cirurgia cibernética. E o fato dela ser 36,48% ciborgue também faz com que Cinder não fique com raiva e pense com cabeça quente, pois sempre que seus sistemas estão aquecendo, seu painel de interface a faz esfriar, só que... isso não significa que Cinder é um robô, ela (obviamente) se apaixona por Kai e é perceptível que é recíproco, mas Kai irá aceitá-la como ela é? Ciborgue e tudo mais?
“Não era sua culpa ele ter gostado dela. Não era culpa dela ser ciborgue.
Ela não pediria desculpas.”
Cinder (o livro, não a personagem) é um reconto futurista do conto de fadas que eu mais gosto; com todos os detalhes envolvidos (madrasta má, meia-irmã chatas, trabalho escravo...) é fácil perceber que se trata da Cinderela. E o livro se revelou tão bom para mim quanto o conto original.
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