Livro #139: As primeiras quinze vidas de Harry August
Certas histórias não podem ser contadas em uma única vida. Harry está no leito de morte. Outra vez. Não importa o que faça ou que decisões tome: toda vez que ele morre, volta para onde começou; uma criança com a memória de todo o conhecimento de uma vida vivida diversas vezes. Nada nunca muda... até agora. Ele está perto da décima primeira morte quando uma garotinha de 7 anos se aproxima da cama: “Quase perdi você, doutor August. Eu preciso enviar uma mensagem de volta no tempo. O mundo está acabando, como sempre. Mas o fim está chegando cada vez mais rápido. Então, agora é com você.” Este livro conta a história do que Harry faz em seguida, do que fez antes, e do que faz para tentar salvar um passado inalterável e mudar um futuro inaceitável. (Skoob)NORTH, Claire. As primeiras quinze vidas de Harry August. Bertrand Brasil, 2017. 448 p.
Harry August, filho de Patrick e Harriet August, nasceu por volta de 1920 na Inglaterra e não fez nada realmente incrível, não aprendeu nada de significante além do trabalho do seu pai, sendo preparado desde jovem para substitui-lo, mas isso mudou ao longo de suas muitas vidas... e mortes.
Harry é um kalachakra, um ouroborano, chame do que quiser, nada irá mudar o fato de que ele nasce, vive, morre e nasce novamente, sempre no mesmo dia, no mesmo tempo, com as mesmas condições. Nada muda. Apenas ele.
"Para que eu sirvo?
Ou para mudar o mundo - muitos, muitos mundos, cada um deles alterado pelas escolhas que faço ao longo da vida, pois ações geram consequências, e em cada amor e cada tristeza há um resquício de verdade -, ou para não fazer nada."
Como todo ser igual a ele, Harry passou por três etapas que se define em rejeição, exploração e aceitação. A primeira vida sempre é a mais fácil, mais inocente, quando você não sabe de nada, já na segunda... As memórias da sua vida anterior chegam aos poucos e, aos sete anos, nosso protagonista já se lembra de tudo, é internado num hospício, suicida-se e... revive.
Em sua décima primeira vida, esperando sua décima primeira morte num leito de hospital, uma garotinha de 7 anos aproxima-se e declama que o mundo está acabando, como sempre, só que mais rápido, e que essa mensagem está sendo transmitida através de gerações de crianças para adultos (essa parte não fez muito sentido para mim até ler) e que agora é com ele.
Enquanto tenta descobrir o que isso significa, aprendemos mais sobre os kalachakra, as vidas anteriores de Harry e o fato de que não é a primeira vez que o mundo está acabando. Ele já acabou uma vez. E se reiniciou. O mundo recomeçou do zero, alguns kalachakra se lembram e sempre lembrarão, outros perderam a memória com o tempo, alguns escolheram esquecer, outros nem nasceram.
Enquanto tenta descobrir o que isso significa, aprendemos mais sobre os kalachakra, as vidas anteriores de Harry e o fato de que não é a primeira vez que o mundo está acabando. Ele já acabou uma vez. E se reiniciou. O mundo recomeçou do zero, alguns kalachakra se lembram e sempre lembrarão, outros perderam a memória com o tempo, alguns escolheram esquecer, outros nem nasceram.
"Eu sou mnemotécnico.
Eu me lembro de tudo.
Você precisa ter isso em mente, se quer entender as decisões que eu estava prestes a tomar."
Esse livro não é um livro infantil, não é para adolescentes nem jovens adultos, é um livro adulto, completamente adulto, mas não porque tem cenas de sexo explicito (não tem cenas de sexo, nem sugestões... não que eu me lembre), mas porque... É um livro que nem todos vão conseguir chegar ao fim, porque disseca a humanidade, o que é ser humano, se você está sendo humano, e não tem grandes revelações, contudo algo vai sendo construindo aos poucos... que te faz pensar, refletir. E isso é sempre um perigo.
Eu falo por mim quando digo que, quando leio uma história, eu penso que estou ali, que sou o protagonista (bonzinho) e seria igual; eu seria aquela pessoa que aguenta as torturas, as dores, que faz o certo não importa o quão difícil ele é, que é uma pessoa decente, embora muitos não sejam, mas... Em algum momento, conforme você ler As primeiras quinze vidas de Harry August, você finalmente percebe que não importa o quão "decente" uma pessoa é, ela ainda é humana; ela ainda erra, ainda é corrompida, enganada, iludida; ela ainda quer mais e nunca tem o suficiente. Todos somos humanos e o que não faríamos por simplesmente nos achar no direito?
"É por vingança.
E talvez pela breve compreensão de que esse é o único jeito de recuperar algo que morreu dentro de mim. Uma noção de 'fazer a coisa certa' - como se isso ainda significasse qualquer coisa para mim."
0 comments