Na família Sinclair, ninguém é carente, criminoso, viciado ou fracassado. Mas talvez isso seja mentira. Os Sinclair são uma família rica e renomada, que se recusa a admitir que está em decadência e se agarra a todo custo às tradições. Assim, todo ano o patriarca, suas três filhas e seus respectivos filhos passam as férias de verão em sua ilha particular. Cadence - neta primogênita e principal herdeira -, seus primos Johnny e Mirren e o amigo Gat são inseparáveis desde pequenos, e juntos formam um grupo chamado Mentirosos. Durante o verão de seus quinze anos, as férias idílicas de Cadence são interrompidas quando a garota sofre um estranho acidente. Ela passa os próximos dois anos em um período conturbado, com amnésia, depressão, fortes dores de cabeça e muitos analgésicos. Toda a família a trata com extremo cuidado e se recusa a dar mais detalhes sobre o ocorrido… até que Cadence finalmente volta à ilha para juntar as lembranças do que realmente aconteceu. (Skoob)
Cadence, Johnny, Mirren e Gat. Gat, Mirren, Johnny e Cadence. Eles são os Mentirosos. Os Mentirosos são eles. Tudo começou no verão dos oito, quando Gat foi pela primeira vez para a ilha da família e o que era três primos que mal se viam, transformam-se num grupo, em os Mentirosos.
E os Mentirosos são unidos, encrenqueiros e amigos apenas quando estão nas férias, encontrando-se sempre na ilha e retomando a amizade perdida, que sempre se desvanece quando eles voltam para o cotidiano. Até que não mais. Até que algo acontece a Cadence no verão dos quinze, algo que ela não se lembra e que ninguém quer contar, algo terrível, algo que faz com que ela não seja mais uma Sinclair da cabeça aos pés.
Dois anos depois, agora no verão dos dezoito, Cadence decide voltar para a ilha e tentar descobrir o que aconteceu, o que a fez se tornar essa garota fraca que suporta terríveis dores de cabeça e nem um pouco idiota, que distorce o significado das palavras e que está cansada de ninguém nunca lhe dizer nada, como se ela fosse de papel e fosse quebrar ou de vidro e fosse rasgar.
"Eu era loira, mas meu cabelo agora está preto.
Eu era forte, mas agora sou fraca.
Eu era bonita, mas agora pareço doente."
Ok, esse é o básico da história.
E
ela
é
maravilhosa.
Realmente, verdadeiramente; eu amei. Esse livro não estava na minha lista de leitura e nem nunca estaria, mas eu o ganhei num sorteio e estou super feliz por isso, porque realmente me surpreendeu. Não posso nem falar muito da história porque ela é meio que suspense e mistério, com uma pitada de romance (esse se tornou um dos meus gêneros favoritos...), então vamos para o que eu posso falar.
"- Não pense que te acho bonita ou algo assim.
- Sei que não acha.(...) Uma pausa.
- Eu te acho bonita, Cady. Não quis dizer o contrário. Na verdade, quando ficou tão bonita? É perturbador - Gat disse."
O romance, hum... Não me convenceu. Eu gosto da Cady e gosto do Gat, mas não gosto deles juntos. Algumas cenas são muito fofas e bonitas e tudo mais, só que... falta algo. Os personagens não se conhecem realmente. Existe duas Cady e dois Gat e eu sou uma romântica incurável quanto a livros (não na vida real, graças a Deus não na vida real) e eu acredito num amor onde se conhece todas as partes e não apenas algumas, então não, nop.
Para mim, em relação a amar alguém, é tudo e tudo e sempre tudo.
O que eu mais amei foi a escrita da autora. Às vezes a história torna-se poesia e, como acontece com todo bom poeta, você nunca sabe quando ele está sendo literal ou usando uma figura de linguagem. E isso foi tão, tão bom, porque você realmente não sabe e a cada palavra você percebe que não faz diferença, porque as palavras ainda são afiadas e ainda machucam e eu ainda estou sangrando. (Literal? Figurado?)
"O sangue jorrava continuamente da ferida aberta,
depois de meus olhos,
meus ouvidos,
minha boca.
Tinha gosto de sal e fracasso."
A edição da Seguinte é sempre maravilhosa, a folha é amarelada, o tamanho da letra é média e a diagramação é perfeita - os livros dessa editora são sempre perfeito, né, gente? Eu nunca tenho nada a reclamar quanto a... Oh, espere, eu não gostei daquela orelha do livro está sempre levantando e amassando, mas já que não paguei, não estou reclamando. (Cavalo dado não se olha os dentes... embora só se conheça a idade dele por eles.)
Outra crítica é quanto a Mentirosos. Sim, eu sei, porque esse título para o livro, mas não sei porque eles são chamados de Mentirosos, me sinto enganada - é tão bom esse sentimento de ler um livro e descobrir que foi enganada a leitura inteira! Mas, sério, por que Mentirosos?
"Minha mãe me repreendeu. Disse para eu me recompor.
Aja como uma pessoa normal, ela disse. Agora mesmo.
Porque você é. Porque você pode ser.
Não faça escândalo, ela disse. Respire e endireite-se.
Fiz o que ela pediu."
Sim. Esse livro é... uma obra prima. Certo, nem tanto, alguns erros aqui e ali (que não lembro), mas tem (de forma resumida) uma escrita ótima, um final surpreendente (eu não esperava por ele, embora tenha tido... um... uma citação que te faz pensar "e se?") e uma protagonista que você se identifica (eu me identifiquei).
Foram coisas pequenas que levaram Cady a fazer o que fez, que a levou a um ponto de dizer basta, que a fez perceber que aquela não era a pessoa que queria ser e que as coisas precisavam mudar, então por que ela não poderia?
O que Cadence Sinclair fez? Ela mentiu.
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