Livro #212: As mil partes do meu coração
Autora best-seller do New York Times aborda relacionamentos e transtornos mentais em uma narrativa que discute os limites do que é normal. Para Merit Voss, a cerca branca ao redor da sua casa é a única coisa normal quando o assunto é sua família, peculiar e cheia de segredos. Eles moram em uma antiga igreja, batizada de Dólar Voss. A mãe, curada de um câncer, mora no porão, e o pai e o restante da família, no andar de cima. Isso inclui sua nova esposa, a ex-enfermeira da ex-mulher, o pequeno Moby, fruto desse relacionamento, o irmão mais velho, Utah, e a gêmea idêntica de Merit, Honor. E, como se a casa não tivesse cheia o bastante, ainda chegam o excêntrico Luck e o misterioso Sagan. Mas Merit sente que é o oposto de todos ali. Além de colecionar troféus que não ganhou, Merit também coleciona segredos que sua família insiste em manter. E começa a acreditar que não seria uma grande perda se um dia ela desaparecesse. Mas, antes disso, a garota decide que é hora de revelar todas as verdades e obrigá-los a enfim encarar o que aconteceu. Mas seu plano não sai como o esperado e ela deve decidir se pode dar uma segunda chance não apenas à sua família, mas também a si mesma. As mil partes do meu coração mostra que nunca é tarde para perdoar e que não existe família perfeita, por mais branca que seja a cerca. (Skoob)
HOOVER, Colleen. As mil partes do meu coração. Galera Record, 2018. 336 p.
Confesso que estava receosa de ler algum livro da Colleen Hoover depois de uma resenha sobre Tarde Demais. Eu já li alguns livros dela e eram maravilhosos, mas Tarde Demais foi um choque e eu não estava numa época literária boa e não ler o livro era uma ótima desculpa. Mas, talvez, ele tivesse me tirado dessa ressaca que durou de mais.
Que livro.
Depois de um erro na minha TBR, acrescentei ele na #Dll20 na categoria "de capa branca" no lugar de A bruna não vai para a fogueira neste livro, de Amanda Lovelace. Confesso que escolhi esse devido ao alarde no grupo do Whats do desafio. Estava todo mundo (praticamente) escolhendo esse livro para essa categoria.
Agora, eu entendo.
Que livro.
"(...) neste lugar moram sete ocupantes totalmente incomuns. (...)Ninguém poderia supor nada disso nem mesmo de dentro de nossa casa. Sabemos guardar segredos nessa família."
Primeiramente, preferiria bem mais que o título fosse a tradução direta do inglês e o livro fosse Sem Merit. Encaixaria-se bem melhor.
Merit é uma das integrantes da família Voss. Você poderia dizer que a família dela é disfuncional e tem problemas, a mesma inclusa. O único que se salva é a pequena criatura de 4 anos. Não vou entrar muito nisso, porque você tem o livro todo para saber mais (e não, não vai ser chato descobrir mais, garanto). Oh, e não vamos esquecer os segredos, me lembrou até um pouco o livro Mentirosos de E. Lockart#.
Um dia, quando estava comprando mais um troféu por um feito que não realizou (problema, os anjos cantaram), Merit de alguma forma acaba beijando um garoto na praça da cidade. Para descobrir logo depois que ele é o namorado de sua irmã gêmea. Para piorar ainda mais a história, por que ele parece viver na sua casa e é tão atrante?!
"Se esta é a ideia dele de sedução, ele seduz de um jeito estranho. Infelizmente, porém, sinto atração pelo que é estranho e pouco convencional."
Eu te garanto: essa não é uma história comum. Me sinto até Merit, que gosta de coisas estranhas, mas eu também gosto. Estranho é atrante. E eu não deveria ter feito essa resenha enquanto estou apaixonada por esse livro.
Que livro.
Gostei dos personagens, dos acontecimentos e reviravoltas e sobre como a pespectiva sobre algo muda tudo. Foi uma parte da história que levei para mim, porque minha amiga fala sobre esse livro há séculos e eu nunca li, e então ela comentou como que algumas resenhas disseram que Merit era egoísta e eu não via nada disso?
Então. Assim. Onde eu queria chegar. Estava eu lendo tudo sobre a visão da Merit e então um personagem falou sobre a visão dele e foi um giro de 180° grau; do nada a história virou, mudou e minha opinião deu uma fraquejada. A cena mudou drasticamente. O que uma pespectiva não faz.
E sobre o fato da Merit ser egoísta. Não vou dizer que ela não seja, mas não vi o problema. Na minha visão, pior do que o egoísmo dela, é o egoísmo dos outros personagens que apontam o dedo e desviam os olhos. Ademais, um pouco de egoísmo é amor próprio e faz bem.
"Fico irritado quando as pessoas tentam convencer os outros de que sua raiva ou estresse não se justifica se outra pessoa no mundo está em pior situação do que eles. É papo furado. Suas emoções e reações são legítimas, Merit. Não deixe que ninguém lhe diga outra coisa. Você é a única que as sente."
Eu já disse "que livro"? Porque gostaria de repetir: que livro. Eu não esperava por isso, CoHo. Foi o livro que eu precisava. Não é simplesmente um romance sobre estar apaixonado pelo namorado da irmã; isso é apenas uma parte da trama, porque o foco é a família e as relações dentro dela.
E esse é um livro que foi tão profundo e divertido ao mesmo tempo, porque fala de temas importantes, como transtornos e saúde mental, sem ser uma leitura pesada. Colleen conseguiu lidar com tudo de forma leve, realista e questionadora.
Livro participante do DLL na categoria "capa branca".
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