Livro #220: O que é facismo? E outros ensaios

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Romancista celebrado pelas distopias de 1984 e A Revolução dos Bichos, George Orwell também foi um prolífico repórter e colunista. Entre as décadas de 1930 e 1940, o autor de O Que é Fascismo? colaborou em diversos veículos da imprensa britânica. Nesta coletânea de 24 ensaios publicados em revistas e jornais, organizado por Sérgio Augusto, Orwell explora um amplo espectro de assuntos, sempre perpassados pela política, sua principal obsessão intelectual e literária. Com temas que variam de Adolf Hitler à pornografia, de W. B. Yeats a O Grande Ditador, os textos selecionados pelo jornalista Sérgio Augusto compõem um inteligente mosaico das opiniões de Orwell durante o período crítico da Segunda Guerra Mundial e do início da Guerra Fria. Com sua visão irônica do mundo conflagrado da época, os ensaios demonstram a potência criativa do "socialismo democrático" adotado pelo escritor como credo político após sua experiência na Guerra Civil Espanhola, em contraposição aos totalitarismos de esquerda e de direita então em voga.
George Orwell | O que é facismo? E outros ensaios | Companhia das Letras | 2017 | 160 p.


O que é fascismo? E outros ensaios é uma coletânea de ensaios, se eu fosse classificar como alguma coisa. Um compêndio de algumas publicações feitas por George Orwell durante sua vida. Antes desse, só li A Revolução dos Bichos dele, porque fui obrigada na escola; de primeira, não gostei  mas pensando sobre depois, muito anos depois, percebi o quanto a história era boa e ele foi um autor incrível. Eu queria ler mais livros desses e o #dll20 "baseado em fatos" me deu essa oportunidade.

"Vivemos uma época na qual a democracia está em retirada em quase todo lugar, em que super-homens estão no controle de três quartos do mundo, em que a liberdade é descartada na explicação de insidiosos professores, em que o espancamento de judeus é defendido por pacifistas."

Agora, cá entre nós, na minha opinião individual de leitora, a ordem dos ensaios não deveria ser a que foi escolhida. O primeiro capítulo é a resenha de um livro que nunca ouvi, sobre um tema desconhecido por mim também. Isso me fez desanimar quanto a ler.

Eu sai pulando os capítulos até chegar ao terceiro e adorei a escrita e sagacidade da conversa, tinha uma esperteza impressionante. Voltei a ler o primeiro capítulo preparada a não entendê-lo completamente, mas aberta a adquirir qualquer conhecimento que fosse.

Claro, depois de olhar o sumário e ter certeza que não haveria muitas resenhas sobre livros que não li.

"Para começar, qual foi o crime, se é que houve algum, que Mussolini cometeu? Nas políticas do poder não existem crimes, porque não existem leis. (...) A lista de acusações é impressionante, e os fatos principais (...) não são contestados. Campos de concentração, acordos rompidos, cassetetes de borracha, óleo de rícino** - tudo é admitido. A única questão problemática é: como é que algo que era louvável na época em que vocês a praticaram - digamos, dez anos atrás - de repente torna-se repreensível?"

Não tem muito o que dizer sobre o livro. George Orwell foi um colunista de um jornal e o livro mostra a diversidade de áreas que comentava, quer seja livros e filmes ou simplesmente sua opinião sobre algum acontecimento, em resposta a algum leitor, principalmente no que se refere a guerra. Ou as guerras, uma vez que não é apenas da segunda guerra mundial, amplamente conhecida, que ele aborda. Primeiro ensaio está aí como prova, falando sobre Franco e... guerra espanhola?

Oh, sim, quase esqueci: adorei a "imparcialidade" quanto aos partidos. Esse é um jornalista que eu gostaria de ter na atualidade. Senti um viés socialista nele, mas Orwell não apóia incondicionalmente nenhum lado; ele aponta as contradições existentes em cada ideia e não tem medo de discorrer sobre elas.

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