Livro #107: O Assassino Relutante - P.R.A.T.A. 1

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O Assassino Relutante


Título: O Assassino Relutante - P.R.A.T.A. 1
Autor: Eoin Colfer
Editora: Galera Record
Páginas: 352
Ano: 2014
Sinopse: Chevie, 16 anos, era agente mirim do FBI até esse programa sair um pouco do controle. Trabalhando agora para Programa de RelocAção de Testemunhas Anônimas, enquanto a poeira do seu fracasso abaixa, ela acha que tudo o que precisa fazer é ficar de olho o dia todo numa máquina do tempo esquisita. Mas tédio é o que menos ela consegue quando, junto ao infeliz Riley, precisa fugir de um assassino em série da era vitoriana que os persegue através das épocas.


Numa Londres Vitoriana, mais especificamente em 1898, a história começa com um garoto e seu mestre entrando escondido num quarto escuro, movendo-se silenciosos e sorrateiramente, com uma faca na mão pronta para esfaquear o homem que dormia ali...
O garoto é Riley, que foi encontrado e salvo de ser canibalizado por Garrick, seu mestre, esse que o criou e treina para ser seu sucessor na magia... E na arte do assassinato. Só que Riley não quer seguir os passos de Garrick, não quer ser um assassino, mas, de repente, a faca que sua mão segurava está no peito daquele homem, fagulhas laranjas começam a aparecer e... Riley desaparece junto com o homem morto.

“Vida e morte são as duas extremidades da mesma viagem, dissera Garrick uma vez. Nada que mereça comemoração ou luto.”

Entrementes – ao mesmo tempo que isso, mas muitos anos depois (só lendo para entender) – Chevron Savano é uma agente especial do FBI, embora tenha apenas 16 anos... ou era. Sua situação não está nada bem desde um incidente complicado que fez com que todos os seus outros colegas fossem demitidos, mas, por ela ser a melhor do trabalho – e se recusar a ser “aposentada” – Chevie aceita ir para P.R.A.T.A., o Programa de RelocAção de Testemunhas Anônimas, também conhecido como “Um Posto Destruidor de Carreiras”, em Londres.

“Deram um aperto de mãos, algo que Chevie particularmente não queria fazer (...) como qualquer fã de cinema sabe, quando dois policiais desenvolvem um respeito mútuo relutante, o policial coadjuvante está para morrer. E se alguém tem o papel coadjuvante aqui, pensou ela, essa pessoa sou eu."

Enquanto tenta fica mais na baixa possível, concluir o ensino médio por correspondência e conseguir voltar aos EUA para ser oficialmente uma agente em Quântico, Chevie leva uma vida pacata e monótona, vendo apenas o Agente Laranja, seu superior, enquanto protege um módulo estranho e piscante... Até que um garoto sai dentro dele. E algum ser estranho parecido com um macaco de sangue dourado.
E Chevie vai de “vida pacata e monótona” a “tem um serial killer me perseguido e não acredito nisso” em questões de minutos, porque segundo Rikey, Garrick virá procurá-lo. E nada poderá impedi-lo de pegar seu filho amado de volta. Garrick está disposto a qualquer coisa para ter Rikey mais uma vez sob seu domínio.

“-Escuta, garoto. Se esse tal de Garrick existe e está preso na outra ponta da magia laranja, ele não vai aparecer aqui nem se o céu se abrir. Entendeu?
-O céu, não, mas talvez se o inferno se abrir.
-Vocês, vitorianos, são bem melodramáticos, não é?”

O fato de Garrick, conhecido como o mágico Grande Lombardi, ser o homem que Riley mais teme não significa nada para a Agente Savano, mas ela descobrirá junto com esse garoto vitoriano melodramático o quanto a viagem transformou Garrick, deixando-o mais inteligente, sádico, poderoso e sedento por sangue do que antes. E o quão difícil será impedir que Garrick mate alguém ou pegue Rikey.

“Abandone toda esperança – sussurrou Garrick. – Porque a esperança já abandonou você.
Chevie acreditou nele, e o garoto também."

Os personagens são todos maravilhosos ao seu modo, não apenas os protagonistas e antagonistas, até Bob Winkle me encantou com sua pouca presença no finalzinho. (Ele vai aparecer na continuação, não vai? E quem sabe ganhar um beijo...?)
Chevie é uma garota órfã que está tanto tempo sozinha, cuidando de si mesma, que quando recebe uma família – FBI – ela se recusa a deixá-la ir e luta por ela. Ela é uma criança que tenta não ser uma criança e eu achei que foi o que mais a tornou não-madura nessa historia, ficando com raiva fácil, usando sarcasmo como proteção... Eu amei a Chevie. (Embora o fato dela saber tudo aquilo sobre armas e combate físico ser uma irresponsabilidade quando ela é uma criança.)

"-Espero que você não esteja bebendo conhaque - disse Chevie.
-De jeito nenhum. Só cerveja, agente. Eu faço o que mandam, faço, sim."

Rikey foi outro personagem maravilhoso. No começo, ele passa como um garoto ingênuo, com um passado triste, que tenta ser uma boa pessoa apesar de tudo; mas no final ele me surpreendeu com a astucia que ficou em pé de igualdade com Garrick. Eu não esperava isso dele, principalmente com todo aquele maravilhamento pelas novas tecnologias. Essa viagem no tempo foi a mais verídica possível, o viajante realmente não sabia de nada e levava tudo a sério.
Garrick foi o vilão mais não juvenil possível. qual é a classificação desse livro? Não que tenha descrições sangrentas e detalhadas, mas o autor foi fundo em construir o personagem. Ele deu razão, motivo, e embora você não concorde com o que Garrick faz (eu espero que você não concorde) Eoin Colf te faz entender o porquê das ações do seu personagem.

"No fim das contas, ele era só uma criança. Talvez seja melhor morrer inocente."

O que eu mais gostei foi as várias referências a séries, filmes e livros antigos. (Eu estava me preparando para dizer o quanto amei a referência a Além da Imaginação e quanto eu amo Morgan Freeman como narrador, mas... Isso é Além do Buraco de Minhoca. E eu realmente amo Morgan Freeman nessa série.) Além de fatos históricos, pois... Jack, Estripador é realmente real? Eu não sabia.

"-Foi azar a senhora ter trombado com Albert Garrick. De todos os sujeitos que a senhora poderia ter apanhado no passado, ele é o pior, sem nenhuma dúvida.
-Ele é apenas um homem, Riley, você sabe. Independentemente do que você pense, ele é só isso.
-Não. Existem homens que são mais do que homens. Garrick sempre foi um deles, e agora é mais ainda."

Outra coisa que eu gostei foi a coerência da história na parte cientifica, não houve (não encontrei) nada que se discordasse ou criasse um paralelo na linha temporal. Tudo que é para ser resolvido e explicado nesse livro está nesse livro. E eu amo essa realidade dentro da ficção cientifica, marca de Eoin Colfer (eu não tenho certeza, já que só li o primeiro de Ártemis e Colin Cosmo, mas todos os autores deveriam escrever assim viagens no tempo e afins). Espero que tudo isso que eu gostei nesse livro continue – e melhore – na continuação, sou a única?
Citações do livro.

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