Livro #228: Matadouro Cinco

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Assim como Billy Pilgrim, o protagonista de Matadouro-Cinco, Vonnegut testemunhou como prisioneiro de guerra, em 1945, a morte de milhares de civis, a maior parte deles por queimaduras e asfixia, no bombardeio que destruiu a cidade alemã. Billy tinha sido capturado e destacado para fazer suplementos vitamínicos em um depósito de carnes subterrâneo, onde os prisioneiros se refugiaram do ataque dos Aliados. Salvo pelo trabalho, depois de ter visto toda sorte de mortes e crueldades arbitrárias e absurdas, Billy volta à vida de consumo norte-americana e relata sua pacata biografia, intercalando sua trajetória aparentemente comum com episódios fantásticos de viagens no tempo e no espaço.
Kurt Vonnegut | Matadouro Cinco | Intrínseca | 2019 | 288 p.


Uau, que história. Eu queria ler Kurt Vonnegut desde que encontrei uma referência a ele em Alex Woods contra o mundo, e quando vi essas capas novas da intrínseca eu soube que tinha chegado o momento.

No começo, eu fiquei em dúvida se era ou não uma biografia do autor, porque o mesmo foi prisioneiro de guerra, testemunhou o bombardeio em Dresden e... viajou no tempo? Certo, talvez (talvez) não essa parte não seja verdade.

"Entre as coisas que Billy não podia mudar estavam o passado, o presente e o futuro."

A narração é confusa, cheia de fragmentos, indas e vindas, conforme o personagem viaja no tempo e no espaço. É brilhante. É uma narração digna de alguém que vivenciou a guerra, que vive as consequências desta no cotidiano, nos fatos mais simplórios.

Você pode ler como ficção cientifica, com viagem no tempo, ou como uma ficção baseada em fatos, onde o personagem precisou adaptar sua realidade para viver nela. Eu já disse o quanto adorei?

"Os médicos concordaram: ele estava mesmo ficando louco. Não pensaram que tinha a ver com a guerra."

E Dresden? Vamos falar sério: quem já ouviu falar de Dresden antes? Eu não. Precisei pesquisar e ter a certeza que ocorreu mesmo ou não, se não era uma invenção que nem os Tralfamador (se eles forem invenção). E Dresden foi uma cidadã alemã bombardeada pelos Aliados durante a Segunda Guerra Mundial; foi um bombardeio desnecessário, sem razões estratégicas, contando com mais morte do que em Hiroshima. Mas por que ela não é lembrada? Porque não foi uma bomba, não foi um ataque "surpreendente"; foi um ataque convencional.

Livro participante do #dll20 na categoria "século passado".

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