Livro #240: Daqui pra baixo

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Aos 15 anos, Will conhece intimamente a violência. Ela está à espreita no dia a dia de seu bairro, nos avisos para que não volte tarde para casa, nos sussurros dos vizinhos sobre mais uma pessoa que foi morta. Dessa vez, os sussurros são sobre seu irmão mais velho. Shawn foi assassinado na rua onde a família mora. Contado do ponto de vista de Will, Daqui pra Baixo é uma narrativa ágil que se passa em pouco mais de um minuto — o tempo que o elevador do prédio leva para chegar ao térreo. Esse é o tempo que Will tem para descobrir se vai seguir as regras de sua comunidade ou se é possível não perpetuar o ciclo de violência. A regra número 1 é não chorar. A número 2, nunca dedurar alguém. A terceira, a crucial: se fazem algo com você ou com os seus, é preciso se vingar. A curta trajetória do elevador é ritmada pelas paradas em cada andar e por aqueles que aos poucos ocupam a cabine e os pensamentos de Will. Cada rosto tem uma história de vida e de morte. Will, em questão de segundos, vai definir a dele.
Jason Reynolds | Daqui pra baixo | Intrínseca | 2019 | 320 p.


Eu estou sem palavras.

Esse é O livro que eu procurava desde que li A bruxa não vai para fogueira neste livro, onde o início de cada secção era a continuação da antiga.

Em outras palavras,  eu queria uma história em verso.

Esse livro é uma história em verso.

" Fica quieto, cochichei pra ele.
Fica firme, cochichei pra mim
Porque chorar é quebrar
As Regras."

Eu estava um pouco receosa se a história em si, a trama, poderia ter sido contada em verso, e eu não vejo uma forma melhor do autor ter feito isso.

Ele não apenas contou a história, mas conseguiu transmitir tanto sentimento através da poesia, que eu tenho certeza que ela pode mudar o mundo.

Há uma profundidade em seus personagens, em suas ações... Há uma história que não é apenas fictícia, mas real.


"mas se o sangue dentro de você
corre dentro de outra pessoa,
você nunca vai querer
ver esse sangue correr fora deles."

Isso é o que vocês, fãs de Anne com um E, chamariam de "romance trágico", tenho certeza.

Eu estou totalmente apaixonada por essa escrita e triste; tão, tão triste, porque tudo que aconteceu no livro, acontece na vida, acontece num ciclo de "passado presente futuro eternamente", como o autor traz, e é tão, tão triste.

E o final? Eu realmente quero falar dele. Acho que nunca gostei tanto de um final aberto quanto esse, porque o futuro é uma possibilidade e não algo marcado à ferro, é algo que pode ser diferente e quebrar o círculo.

Amanhã pode ser diferente de hoje e ontem.

Livro participante do #DLL20, na categoria "personagem negro".

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